domingo, 30 de novembro de 2008

Procurando Por


Diferente de ontem,esta noite sonhei que acontecera um acidente terrível aqui em Belo Horizonte e que os corpos estavam sendo levados para o Hospital que eu plantonava. Os corpos chegavam em uma situação imensuravelmente desagradável a ponto de, no sonho, eu vomitar sem parar! Estavam todos abertos, cheios de tecido adiposo espalhado até na boca, os músculos lacerados, sem membros inferiores, “um verdadeiro quebra-cabeça de defuntos”, pensei. Enquanto traziam aquelas coisas eu falava desesperadamente – “Parem de trazer estes corpos para cá! (vomitei) Parem! O necrotério está cheio! Pelo amor... (Tentei segurar um vomito com a mão, mas acabei me lambuzando todo) Jesus! Onde vocês vão colocar eles?”- um rapaz de barba mal feita que me via vomitando e ria da situação parou de empurrar a maca com um daqueles corpos e veio até a mim – “Doutor Thinker, acho que vamos coloca-los nos quartos vagos - ”.Olhei atrás dele e vi que o cadaver me encarava, ele olhava dentro dos meus olhos. Acordei assombrado.

Durante o dia fiquei vendo filmes (para variar) e a tarde resolvi dar uma volta em alguns parques virtuais a procura de blogs e pessoas mais ou menos com a mesma idéia que a minha. Infortunado, acabei achando o de praxe, blogs com homens de beleza surreal e membros gigantescos, vídeos eróticos, achei também páginas de caras extremamente assumidos a ponto de eu ler seus textos e escutar aquelas irritantes vozes anasaladas que só os gays conseguem fazer. Mas, muita gente parece gostar disso, pois haviam vários comentários.

O melhor de todos os blogs que visualizei foi o “Dando a Bunda para Bater”, muito bom mesmo. Os minúsculos textos e gravuras bastante expressivas são de um humor negro absurdo, me fezem lembrar de uma revistinha distribuída na Savassi há alguns anos atrás, Idéias Bizarras.

sábado, 29 de novembro de 2008

A Praia


Acordei em um lugar nem um pouco familiar, estava deitado na areia de uma praia com um sol escaldante, sem humanos, além do Cara que estava deitado ao meu lado, chamando meu nome. Me tocara a fim de fazer cocegas e me ver sorrir, tentei identificá-lo, mas percebi que nunca o havia visto antes, parecia ser intimo meu, então, não querendo estragar tudo, acabei me divertindo com ele o dia todo. Não perguntei seu nome, onde morava, o que fazia ou do que gostava, naquele momento estavamos vivendo apenas a ocasião, não pensamos em mais nada. Corremos pela areia, bebemos alguns líquidos contidos em nossas frasqueiras estratégiamente cheias para durarem o dia todo, conversavamos sobre o dia lindo que presenciávamos, entramos no mar e nos abraçamos.

Quando o Sol começara a se esconder saiu de dentro das águas um estranho ser habitante do mar, ele se arrastava em nossa direção. Com medo do desconhecido, corremos, subimos um morro em frente à praia e chegamos em um campo gigantesco, com um gramado fabulosamente intacto, verde avermelhado, refletindo o Sol poente. Parei, não conseguia andar ou respirar, não queria perder nada do que estava vendo, sabia que nunca mais algo parecido iria acontecer. Por um momento fui tomado pelo sentimento de tristeza ao pensar nisto, mas o ignorei.

Recordei ao olhar o Sol sobre o Cara que estava ao meu lado, o Sol ardente, aquele lugar, tudo que acontecera durante o dia, então uma coisa muito boa tomou conta de mim, me deixou em paz, me fez sentir bem, mesmo que algo ruím estivesse atrás de nós não importava, ficamos alí parados, ele com a mão no meu ombro, atento ao horizonte, até que acordei no escuro, às 05:20 hs a.m. convicto de que teria que ir dar plantão em algum hospital mas com uma dúvida – “Porque não ouvira o som do alarme despertara?”- . Simplemente porque era sábado.

Spiked Heels

O Jogador de Futebol


Não estou nos meus melhores dias para relatar algum fato, mas tentarei. Ultimamente estou sem motivações, na verdade nem sei se já tive verdadeiramente uma motivação justa para escrever aqui... Talvez uma pequena vontade de vingança...

Antes de iniciar, gostaria de fazer um minuto de silencio pelos meus amigos que foram para a guerra a procura de namorados, acharam e nunca mais voltaram para minha casa... (1 minuto). Bom, então vamos lá:

O Jogador de Futebol, assim chamado por jogar em um time famoso de Belo Horizonte, foi um cara que “caiu de pára-quedas” em minha vida. Nos conhecemos através de seu primo e "ficamos" duas vezes:

A primeira em um sítio onde fomos com algumas pessoas que aqui prefiro não citar. Enquanto todos dormiam, nós não! No dia seguinte ao acontecido, passamos como amigos, como se nada tivesse acontecido. Ainda era cedo, mas já me via sentindo algo por dele, que por sua vez demonstrava atenção, mas nada insinuando sentimento. Aceitei os fatos e com o tempo acabei deixando este sentimento de lado seguindo minha vida.

Continuamos a nos ver depois, pois nosso circulo de amigos era praticamente o mesmo, então, inevitável nosso encontro. Ele me tratava da mesma forma, como um amigo que ele gostava e mais nada. Até que “trombamos” em uma festa, uns três anos depois. Ele estava mais lindo que nunca, mais velho, com um rosto de homem, forte, uma mudança brusca para minha mente, mas para melhor. Ficamos o tempo todo juntos, conversando, lembrando de coisas e nos divertindo na piscina. O detalhe era que eu estava namorando nesta época e o cara estava lá, era o Professor, que naturalmente morria de ciúmes de mim com qualquer coisa e pessoa, até do vento por passar sempre ronçando em mim era motivo de briga, sempre me culpando – “Olha lá! Mais uma vez esse maldito vento encima de você! Por acaso está insinuando algo para ele? Se comporte! E fique do meu lado!” – falando que eu era culpado por acontecerem essas coisas.

Mas não me deixei intimidar pela sua presença, como amigo queria ficar perto dele, mas já sabia que algo que a muito havia esquecido, se despertara dentro de mim graças à presença do Jogador de Futebol – “Maldita hora em que apareceu novamente em minha vida” – pensei. Ao final da festa, o Professor foi embora irritadíssimo, além de comover toda a festa com seu episódio ciumento, ainda estava terrivelmente bêbado.

Fui para casa de uns amigos e o Jogador também. Daí para frente fica bem claro o que aconteceu. Ficamos novamente, fizemos tudo que não havíamos feito há três anos. Ele me disse que sentira minha falta e que desejava aquilo há muito tempo, já minha reação foi somente dentro de minha cabeça – “Porque ele não havia me procurado antes? Porque eu estava aceitando aquilo daquela forma? Onde está o Professor? O que eu estou fazendo...”.

Amanheci mais uma vez com ressaca moral, cabeça pesada e corpo absolutamente dolorido, pois havia nadado muito no dia anterior. Já o Jogador de Futebol levantou aparentemente muito bem, mas me tratando daquela forma ridiculamente amistosa – “Mais uma vez! Que absurdo” – pensei. Mas acabei “entrando na dele” e o dia foi daquela forma, mas a noite jamais esquecida.

Algum tempo depois, recentemente, nos encontramos, eu solteiro e ele agora namorando uma menina mais nova. Aceitei a situação, pois não queria ficar com ele de novo e ser ignorado no outro dia, queria algo mais , mas que com ele eu sabia que não estava ao meu alcance, não mais.

domingo, 23 de novembro de 2008

Má Educação


Fiquei pensando a manhã inteira sobre o que eu iria escrever aqui hoje, pensei em falar do Jogador de Futebol, da minha coleção pessoal de cuecas, do meu amigo Vampiro, sobre a morte da Bezerra, mas sabe aquele dia em que você não tem muita empatia por estes assuntos? Pois bem.

Ontem fui ao aniversário do meu amigo Rafitz (Nos conhecemos pela internet há mais ou menos quatro anos e fazem apenas duas semanas que nos conhecemos pessoalmente) em um bar GLS daqui de Belo Horizonte. Logo na porta eu vi um daqueles caras que me deram um tiro a queima roupa e estragou temporariamente minha vida (mundinho pequeno), o Dublador. Senti alguma coisa ruim subindo pela minha espinha como se fosse um sopro frio e desconfortável. Entrei sem a intenção de vê-lo novamente e para eu relaxar um pouco resolvi beber um Gin tônico. Aquilo me desceu pela garganta como se fosse... não sei, desceu bem. Conversei um pouco com o Rafitz e suas companhias bastante agradáveis e depois fomos dançar.

Para ser sincero, nunca gostei daquele lugar, uma vez que era pequeno, o ar condicionado não superava o calor insuportavelmente humano produzido pela agitação dos nossos corpos e as bailarinas e mulheres barbadas que adoravam se exibir e mostrar superioridade à platéia. Mas acho que as companhias que eu estava conseguiram fazer destes defeitos um mero detalhe.

Não demorou muito até que vi um conhecido com feição amiga no meio da platéia, o Cowboy. Ele veio sorrindo até a mim e conversamos um pouco até que me beijou (Qualquer dia conto a história de nosso envolvimento). Não demorou muito, eu me esquivei dele e dei aquele desagradável “perdido” (que não é a primeira vez), percebendo o que havia acontecido, ele deixou a noite seguir, cada um no seu quadrado.

SIM, fiquei com outro cara, o Desconhecido. Coisa que nunca havia feito em toda a minha vida (ficar com dois na mesma noite). O rapaz era muito carinhoso, bonito, tinha um papo agradável... Mas sabe, depois fiquei sem graça, estava ficando com um e de repente apareci com outro?! Não me importo com o que as pessoas pensam, mas não gosto deste tipo de comportamento em mim.

Jejum quebrado e barriga cheia, dormi como nunca.

sábado, 22 de novembro de 2008

O Enganador


Essa semana minha vida esteve em suspensão, praticamente nada senti. Nenhum daqueles sentimentos estranhos apareceu, tudo esteve suspenso no ar, parado, flutuando inanimadamente fora do espaço/tempo lugar onde a gravidade não existe.

ATENÇÃO: Para alguns, devido à empatia pelo caso do meu Amigo de Verão, este post pode ser revoltante, peço que não me julguem porque sei que na ocasião ainda não tinha uma maturidade formada sobre o assunto (Obs.: o relato que darei a seguir parece muito com depoimentos daquelas revistas “Teen” sobre queixas de melhores amigos):

Meu primeiro amigo gay foi o meu Amigo de Verão, sempre saíamos juntos e curtíamos diversas situações. Uma vez, logo no começo do “meu descobrimento”, meu Amigo de Verão estava saindo com um cara mais velho, o Enganador, tal pseudônimo deve ser seguido ao pé da letra, que já era bem resolvido financeiramente, bonito e inteligente (pelo menos assim meu Amigo de Verão achava, mas na verdade ele era burro igual a porta que colocou em sua casa). Logo no primeiro dia em que me conheceu deu encima de mim! Meu Amigo, na ocasião, tomava banho na casa do Enganador e o mesmo, aproveitando da situação, tentou passar a mão em mim expressando em sua face um sorriso insinuante, claro que “corte-o” na hora. Meu erro foi ter ignorado os fatos e continuado a encontrar este cara junto com o meu Amigo. Eu sabia que mesmo tendo impedido ele de se aproveitar de mim naquele momento não seria o bastante para cessar tal vontade que sempre era expressada em seu olhar sobre mim quando meu Amigo se distraia.

Passado algum tempo percebi que ele estava me tratando sempre muito melhor a cada dia e achei que talvez não tivesse mais atração por mim e sim uma empatia por eu ser amigo do namorado dele. SIM! Me enganei! Ele terminou com meu Amigo de Verão dentro de seu apartamento, me chamou para ir a um bar ali do lado para comprar cigarros e adivinha? Mais uma vez SIM! Deixa eu dar os detalhes sobre isso: Estávamos eu, meu Amigo de Verão e um conhecido nosso no apartamento do Enganador. Eles terminaram e o Enganador me chamou no canto, explicou tudo e me convidou para sair dali por um momento, eu fui. Assim que ele fechou a porta do apartamento, deixando para trás tudo que o magoara, o silêncio pairou, ele fez uma pausa, olhou dentro dos meus olhos e me beijou. Naquele instante sinceramente não sabia o que fazer e acabei “deixando acontecer”, mas em momento nenhum eu nego que foi bom, senti uma coisa muito diferente na época (que futuramente eu entenderia que era a paixão), seu beijo tinha uma peculiaridade que consegui sentir em outro novamente, sério! Uma sintonia absurdamente pavorosa, pois era o namorado ou pelo menos ex-namorado, até então, do meu amigo! Assim que tudo terminou, abri meus olhos e vi os dele, verdemente tentadores e sorridentemente bem humorados. “O que eu fiz?”, foi a única coisa racional que consegui pensar desde a ida ao bar até a volta. Simplesmente me tranquei dentro de pensamentos pecaminosos.

O dia passou devagar como nunca antes; os dois voltaram depois da desagradável chuva de insistência advinda do meu Amigo de Verão (eu assistindo tudo e vendo o Enganador olhar-me a espera de uma intervenção minha) e eu fiquei totalmente sem lugar naquele apartamento, queria ir embora. Atendendo ao meu desejo, partimos ao cair do crepúsculo.

No caminho de casa, o meu Amigo de Verão contou-me tudo que havia visto através do infeliz olho mágico que o burro Enganador havia um dia colocado naquela porta de seu abatedouro. Falou que estava magoado comigo, mas que aquele sentimento passaria e tudo voltaria ao normal. Até hoje espero ansiosamente por isso.


Obs.: 1 A historia deles não terminou com final feliz não, afinal, que historia GLS termina bem? Sempre o fim envolve traição, morte, doença, prostituição, mas nunca feliz (Filmes...)! O Enganador o enganou, trocando ele por metade da cidade.

2 “Rafa”, infelizmente descobri que não dou muito bem com animais, já tentei domar alguns, mas sem sucesso. Já fazem 2 meses, 2 horas, 41 minutos e 55 segundos que estou preferindo apreciá-los de longe devido a um ferimento que adquiri ao tentar domar um animal selvagem. Quanto às frases, “acertou em cheio”! Esqueci de colocar a que citou... Já sobre o Post do “Circo” e do “Leão” (um é continuação do outro), tentei fazer uma pseudo-analogia com uma experiência que tive ao sair em um destes lugares GLS, entende? Mas acho que não obtive êxito total.

domingo, 16 de novembro de 2008

Para Toda a Vida


Essa semana assisti a dois filmes bastante interessantes, de gêneros opostos. “Eden Lake” que conta a história de mais um casal sem juízo que vai para um lugar afastado de todos que começam a sofrer abuso moral e físico de adolescentes. Sim! Tiveram várias formas para escapar, mas como o orgulho humano consegue não supera nada... Olha, é o tipo de filme que quando você termina de assistir, a primeira coisa que quer fazer é dar um tapa na bunda destes malditos, mal educados, ousados, folgados (...) adolescentes.

“Mama Mia” é um musical muito bom para quem curte musicas antigas, meloso, mas atraente.

Tem um outro também que eu tenho que indicar, vi há muito tempo e agora saiu nos cinemas “Cults (digo no sentido nominal ridículo da palavra)” (Cine Belas Artes, Usina...), se chama “Violência Gratuita”. Para quem gosta de Cine Trash com casais essa e o “Eden Lake” são ótimas indicações e o incrível é que o final acontece da mesma forma indignante.
Enfim, hoje vou poupá-los de discursos e relatos longos, quero aqui citar apenas umas frases ditas por “grandes nomes” que eu levo durante a vida:

"Pau que nasce torto nunca se endireita (...)"
(É o Tchan)

"Se tudo está ruím, ainda pode ficar pior"
(Autor desconhecido)
"O que é um peido quando se está todo cagado?"
(Autor desconhecido)
"As galinhas sempre vão tentar provar da sua carne"
(Tori Amos)
"A melhor espiga vai para o pior porco"
(Autor desconhecido)
"A grama do vizinho sempre parece ser mais verde"
(Autor desconhecido)

E para fechar com chave de ouro...

"Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, no que respeita ao universo, ainda não adquiri a certeza absoluta."
(Albert Einstein)


Obs.:1. Pessoal, já saiu meu programa de Natal e Reveillon! Pode soar deprimente, mas Natal passarei na casa de minha mãe (porque não poderei viajar, estarei de plantão no dia seguinte aqui em Belo Horizonte) ceiando sozinho e o Reveillon será mais dramático, acho que abrirei uma garrafa de champagne com meu cachorro, escutarei música deprimente a noite inteira e por fim acabarei dentro do banheiro vomitando porque não tolero o maldito champagne, mas como é passagem de ano, temos que fazer sacrifícios.

2. A música é russa se chama "Да ди дам" da cantora Kristina Orbakaite... Sim! Falo um pouco de russo também, dentre outras linguas

sábado, 8 de novembro de 2008

O Leão


Bom, o ambiente era o mesmo, porém, sem ar condicionado e com shows diferentes. Quem ganhou minha atenção foram os elefantes que estavam ali para levar nas costas os equilibristas que exploravam abusivamente de suas forças, eles eram baixos, magros, feios, mas tinham uma habilidade absurda, faziam coisas que os elefantes não conseguiam ver de tão rápido! Tadinhos... E o que estes animais pesados ganhavam em troca de seu sacrifício? Acho que nada, apenas o prestígio de ter a companhia dos equilibristas. Juro que por dó eu teria coragem de adotar um, pelo menos para não levarem pisadas e serem explorados ridiculamente como acontecera naquele momento.

Distraído com aquele “pesar”, fui interrompido por uma sensação de que alguém me olhava, virei o rosto a procura e o vi, estava me espreitando desde quando eu estava bebendo aquele suco de álcool com groselha. Olhei bem fundo em seus olhos, era um leão. Figurinha adorável, sempre foi meu animal predileto, mas acho que sua vida é muito promíscua, como todos sabem, ele não tem só uma parceira, fora a agressividade.

Percebi que ele estava ali a procura de uma vítima (que até então parecia ser eu), estava faminto e sem leoas para ajudá-lo na caça. Mas e o circo não alimenta-o? Onde estava o domador de leões? Porque ele estava ali solto, sozinho? Ele não tinha leoas? Não quis alcançar uma resposta plausível e com receio de acontecimentos piores voltei para o primeiro andar e fui assistir ao show que um apresentador acabara de anunciar, acho que era alguma apresentação com as “mulheres barbadas”, pelo menos uma eu estava vendo se distorcer no palco. Foi engraçado, principalmente a parte em que ela ficou tonta de tanto rodar o cabelo... Olhei para o lado a procura de crianças, porque circo e crianças sempre foram uma grande combinação... Sim, eu vi algumas de mãos dadas com os seus pais, bom, pelo menos achei até certo momento que eram seus pais.

Ao final do show eu já estava exausto, minhas pernas doíam, logo procurei um cantinho para me sentar, enquanto a macacada fazia a festa no picadeiro e a platéia vibrava ao ver o circo pegar fogo.

Descansei ao lado de um mímico que tentava “falar” alguma coisa com as mãos que eu não conseguia entender, irritado e meio zonzo devido ao efeito da bebida, me encolhi na cadeira, fechei os olhos, coloque minhas mãos nas têmporas e comecei a fazer movimentos circulares com as pontas dos dedos ingenuamente acreditando que aquilo faria o efeito daquela bebida passar.

Pensei ter escutando um rugido, ignorei e continuei a massagear minhas têmporas. Ouvi novamente o rugido e me arrepiei da cabeça aos pés, pois já sabia quem estava ao meu lado, quase encostando seu focinho em meu rosto tentando farejar algum sentimento em mim. Abri os olhos e o vi, seus olhos eram grandes, sua juba amarelo sol, ele mostrou suas presas tentando expressar empatia por mim, assustei achando que poderia ser sinal de perigo, mas não sei o que me deu na hora que simplesmente relaxei. Aos poucos ele foi grunhindo algumas coisas entre a música alta que atrapalhava minha audição e em uma só “bocada” ele me fez sua presa.

E a noite no circo não foi muito além. No outro dia o leão tentou me abduzir novamente, conseguindo com êxito, mas não durou uma semana nossa convivência, pois, ele era muito possesso, ninguém chegava perto de mim sem levar uma patada dele. Tentamos conversar sobre isso, mas animal é animal, sempre se reduzirá, em algum momento, a sua ignorância. Além do mais nunca tive sucesso ao domar Leões.
Obs.: Só para completar meu sábado, que tenho certeza que será nostálgico, acho que vou dar uma passada ali no Usina para assistir ou CrashBack ou Mio fratello è figlio unico.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Bem-Vindo Ao Circo


Antes de ontem me lembrei de uma vez em que fui ao circo...

Assim que cheguei na porta, percebi que havia uma bilheteria, onde um gentil rapaz entregava os “convites”, ele também cuidadosamente nos revistava a procura de algum “doce” que poderíamos ser dado aos animais ali dentro (coisa que é proibido em circo, pois, pode acabar fazendo mal aos animais, além de chamar a atenção deles, deturpa sua apresentação). Assim que entrei, parei logo e fiquei a observar tudo, ali não tinha cheiro de pipoca, a música era realmente muito parecida com a de circo, o lugar era meio estranho, mas convidativo, era colorido, cheio de luzes serelepes a procura de um foco, havia na minha frente um tímido picadeiro, um enrustido local para a platéia assentar e assistir ao show. Engraçado... Também visualizei um segundo andar, mas circo não tem segundo andar! Deixei isto de lado e continue minha caminhada.

Surpreendentemente me deparei com os primeiros malabaristas, que de um lado para o outro faziam manobras para impressionar os outros, coitados, mesmo sem obter sucesso insistiam e rodopiavam no ar cada vez mais.

Pouco mais a frente estavam os macacos vestidos de gente. Eles pulavam, dançavam e seguravam copos como pessoas normais! Mas será que longe daquele picadeiro conseguiriam agir realmente como humanos? Acho que faziam aquilo apenas porque foram condicionados assim perante a sociedade, fora dali deveriam agir como animais que subiam nos galho e aceitavam suas ignorâncias. De repente um deles esbarrou no grupo de bailarinas que estavam à sua direita. Foi um reboliço, ela se revoltaram e fecharam os seus belos rostos para ele. Lastimável! Sem o que fazer ele gritou, comprovando assim minha tese (No fundo ainda tinham o instinto animal). Elas estavam furiosas, pois, seus movimentos graciosos, seus narizes empinados, sua roupa bem passada e suas poses nas pontas dos pés foram atrapalhadas por aquele maldito e insignificante macaco. Revoltadas, foram para o banheiro com um ar de superioridade ofensivo, eu, acompanhando tudo com o olhar, percebi que uma delas tirava um pequeno saquinho com um pó branco, levando até o nariz e repassava para as outras em comunhão. Será um antialérgico para conter a coriza destas damas perante o ar condicionado? Será um desentupidor de nariz devido ao excessivo e espesso muco que na cavidade nasal grudou e aquilo era a solução para o problema? Não sei, nem tive a curiosidade de perguntar, principalmente depois do olhar de desprezo que ganhei ao ser flagrado bisbilhotando o que ambas estavam fazendo. Saí depressa da vista delas. Acho que não gostaram muito de mim, mas também era de se esperar.

Fui mais para o lado dos mágicos que ali estavam fazendo magias, em vez de sumirem o coelho na cartola, sumiam eram copos e cigarros. Tentavam usufruir de seus dons psíquicos para hipnotizarem pessoas e obrigarem-nas a fazer coisas. Vendo que um olhava para mim naquele instante, logo escapei, não queria ser assistente de um deles, muito menos cobaia.

Pessoal, o circo não era grande, mas havia muitas figuras lá. Demorei e assustei quando vi, cheguei a ficar com medo (coisa que sempre tive) dos palhaços que me apareceram, ambos com o rosto pintado de várias cores e o nariz vermelho, tentando aparecer e arrancar risos obrigatórios dos nossos rostos, assim nos conquistando e quem sabe, eles, não passando a noite sozinhos. Eu? Corri a léguas, aquilo já me amedrontava demais.

Ufa! Minha noite apenas começara e tudo já estava bastante quente. Corri para o balcão onde vendiam aqueles refrescos coloridos naquelas máquinas que rodavam e rodavam, quase nos hipnotizando. Peguei o de morango, e devido à grande sede, despejei tudo na boca com vontade e só não deitei no chão gritei e chorei porque estava num circo e tudo ali era motivo para risos. Fui pego por uma dor de cabeça frustrante (a bebida era muito gelada e bebi rápido demais) e o gosto que aquilo tinha? Era álcool com groselha? Não sabia que aquilo tinha álcool, uma vez que estávamos em um circo, até então para mim tudo era inocente. Peguei aquela bebida estranha e fui para um lado do circo onde haviam mulheres barbadas e musculosas, elas pareciam agitadas, gesticulando fortemente e rindo, colocando a mão em seus tórax, mas sem peito. Que estranho! Na hora, pensei que era algum distúrbio hormonal e já ia entrar na roda para receitar algo que revertesse o caso, mas quando percebi, eram homens! Logo falei baixo - “Fraude!” –. Que absurdo, o circo estava me enganado!

Indignado, nem continuei naquele local, resolvi subir as escadas que davam em um segundo andar, que até então nunca havia visto em circo algum.


Obs.: Peço desculpas "Rafa", mas queria dramatizar um pouco meu post e usei a situação como atrativo.

domingo, 2 de novembro de 2008

O Vazio


Pessoal, festa é tudo a mesma coisa! Este final de semana fui à casa da minha mãe curtir junto dela seu aniversário, foi muito bom estar a seu lado e tudo mais, mas sabe aqueles filmes que mostram as etapas de uma festa onde as pessoas inicialmente parecem civilizadas, depois estão animadas pelo álcool, depois colocando aquelas músicas depressivas e a seguir quase caindo de tontas? Pois bem, eu vi tudo isso, foi muito engraçado, porque eu não bebi uma gota de álcool e acabei como um dos caras mais são de todos ali presentes. Quase no fim da tarde, como estava ali perto, fui caminhar com meu cachorro na Lagoa.

Hoje acho que não falarei muito mais, de repente estou me sentindo vazio, sem incentivo, alguém entende? Sinto falta de algo que nunca tive, algo que não foi preenchido este final de semana e tenho certeza de que não é preenchido desde muito tempo. Prefiro dormir e rezar para que esta falta passe, não sei o que me acontece no momento, não sei se algo desapareceu em mim ou simplesmente nunca foi encontrado.

Termino então meu final de semana ouvindo Phill Colins, apavoradamente assustado ao ler um pouco mais sobre a teoria do
“Buraco de Minhoca” (Wormhole) e sentindo aquele maldito vazio de domingo a tarde, quase noite.


Obs.: Mais uma incognita foi criada em minha mente. Até então achei que "Rafa" fosse um amigo meu, depois achamos, eu e ele, que o "Rafa" fosse o amigo do meu amigo (dele) com o mesmo nome, mas agora já não sei quem é mais.... Quem é o "Rafa" que mora perto da minha casa, que me compreende, que mostra interesse e assiduidade sobre meus assuntos?

sábado, 1 de novembro de 2008

Crônicas do Coelhinho: A Tatuagem


Adquiri dois filmes esta semana que me chamaram a atenção. Um foi o "Lírios D’água" e o outro "Boy A". O primeiro conta a história de duas meninas que se descobrem, quer dizer, na verdade uma já sabe sobre si e a outra é quem nem imagina, o filme inicialmente parece ser monótono e induz a tirarmos conclusões precipitadas sobre quem é o casal lésbico e algumas coisas a mais. A história é bem sutil, mas indignante, assim que assisti lembrei do Dublador que lacerou-me com suas funestas palavras. Não importa, mas o segundo filme relata a história de um menino que supostamente foi o autor de um assassinato de uma menina de sua idade, na época acho que uns 12 ou 13 anos. Já mais velho ele tenta recomeçar sua vida como uma pessoa honesta, mas o ser humano muito vingativo (eu, obviamente, não sou exceção) impede que o rapaz se dê bem. É um ótimo filme para quem quer ver o outro lado das coisas e refletir sobre as injustiças dos pecaminosos humanos.

Falando em injustiça, lembram-se da moda que teve a algum tempo atrás de se tatuar nomes dos namorados e/ou namoradas? Pois bem, certa vez, quando ainda namorava o Coelhinho, resolvi fazer uma tatuagem com seu nome nas minhas costas. Quem fez para mim foi a Afrodite (rimos demais durante a confecção, pois, alguma intenção eu tinha), tivemos esta idéia quando estávamos em sua casa alcoolizados. Assim que ela fez, achei o máximo e naquele momento resolvi ir até a casa dele mostrá-lo (acho graça disso até hoje), é claro que esperei o álcool passar...

Como eu já havia relatado, desde o início do nosso relacionamento já tínhamos problemas, digo, eu já desconfiava de que ele me traia, quase toda semana eu adquiria mais uma prova pseudo-concreta sobre o que ele fazia quando eu não estava presente. Chegando à casa dele, conversamos bastante e mais tarde, na “hora H”, eu fiz com que visse a tatuagem e até hoje não ser distinguir qual foi sua real expressão, não sei se foi de indignação consigo mesmo, tristeza, irritação, enfim, sei que nunca mais vira expressão igual. Toda sua reação sexual (que acontecia um momento antes da apresentação do feito em minhas costas) foi por água abaixo. Silenciosamente dormimos.

Na semana seguinte, quando tomamos banho juntos, ele percebeu que a tatuagem não estava mais lá e me perguntou o que havia acontecido. Pessoal, mais indignado ele ficou quando falei que era de Henna, que eu nunca faria aquilo por ele ou qualquer um, além do mais, estava interessado em ver sua reação.

Daí para frente não demorou muito para eu terminar com ele, pois, depois desta reação já percebia que algo muito maior acontecia.