quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Uma Leve Anedota


Estas três últimas semanas foram muito intensas, confesso não ter tido muito tempo para pensar em blog, pois ando trabalhando muito, e o pouco tempo que tenho está sendo dedicado ao Husky Siberiano que assola todas as noites da minha vida com sua pele quente envolta em meu corpo e os seus grandes olhos azuis me flertando, alertas como sentinelas guardando seu reino - Ah! Como o amo! Mas hoje, retornei para contar-lhes uma anedota após meu retorno do Outside social e no post a seguir prometo fervorosamente contar o que aconteceu de mais especial em minha vida - Se é que alguém quer saber, não é Mister Thinker?!

Há uma semana fomos eu e o Husky no BH Shopping e, como muitos devem saber, ali só freqüentam pessoas de classe média alta - Lembrando que para toda regra existe sua exceção. Entramos em uma loja de eletrodomésticos sofisticados e olhamos alguns aparelhos interessantes. Um pouco cansado, sentei em uma sala planejada com uma TV de plasma ultra, mega grande em 3D. Coloquei os óculos para visualizar o efeito e perdurei ali enquanto o Husky explorava o IPad. De repente sentou ao meu lado um garotinho loiro, olhos azuis, pele branquinha, com bochechas rosadas, e olhou para mim com um ar de deboche dizendo “Meu pai me deu uma televisão igual a esta de presente de aniversário, aposto que você não tem uma!”. Logo refleti, “será que estou mau vestido, com cara de pobre? E se fosse? Qual seria o problema?” Ainda olhando para televisão, pensei em como havia sido a criação daquela criança que não deveria portar mais que seus oito anos de idade e já debochava de todos sem qualquer pudor. Ainda, pensei em como a sociedade anda criando monstros e inserindo-os sigilosamente em nosso meio, exemplo melhor que o daquela “fedelha” de sobrenome alemão que matou os pais dormindo, não há. Outro exemplo fantástico? Aquele ator que matou uma atriz com tesouradas, filha de uma escritora de novelas. E o bulling sofrido por diversas crianças durante o pré-escolar? Cá para nós, sabemos que tudo isto não passa de reflexos familiares, ou seja, reflexo da educação adquirida no ambiente familiar.

Enfim, diferentemente daquele garotinho de 8 anos, eu não iria devolver nem uma mísera palavra, além do mais, se fizesse isto estaria regredindo à idade dele. Retirei os óculos 3D, que por sinal estava me incomodado e duvido que alguém usaria aquilo sempre que fosse assistir televisão já que restringe a visão de 180°, esbocei um sorriso simpático a ele dizendo “sorte a sua” e senti a perspectiva de que o mundo o engoliria logo que crescesse, como outros.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Não Mais É


Há algum tempo guardo este texto em minhas coisas, achei-o em um blog inconstante. Esqueci de postá-lo aqui por descuido, agora que lembrei, compartilho com todos, porém, não mais é tempo de dizer tais palavras.

"   Vi-lhe com todo o teu esplendor. Simples e belo tal como já havia me acostumado.

Ver-te fez com que as saudades diminuíssem e fez com que ficasse a perceber o porquê do Sol iluminar a Terra e do vento soprar em dias de calor.

Ainda assim, não sinto o teu toque, todavia o meu corpo sente aqueles contatos entre ele e o teu corpo. Não sinto o fogo que percorria o meu peito enquanto me olhavas, todavia este meu peito arde intensamente e não existe água que o apague.

Não te esqueças de uma coisa,

"A distância impede que eu te veja, mas não impede que eu te ame" (Luís Carlos Ijalbert)   "

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Aliança


Depois de algumas conversas paralelas e fatos ocorridos em minha vida, fiquei bastante curioso em saber sobre o simbolismo da aliança. Descobri que tem função ambivalente de unir as pessoas e ao mesmo tempo isolar -... os outros olhos gordos da pessoa amada -, ou seja, “marcar o território”.

A aliança surgiu na Grécia, provavelmente advinda de costumes Hindus para simbolizar o casamento. A aliança era colocada no quarto dedo graças à crença de que ali passava a Veia D’Amore que estava ligada diretamente ao coração.

Já os chineses, usavam a aliança no quarto dedo com outras acepção. Acredita-se que os dedos são meros símbolos familiares, sendo que o dedo polegar representa os pais, o dedo indicador representa o irmão, o dedo do meio sendo você mesmo, o dedo anelar representa seu companheiro e o dedo mínimo, seu filho.

Logo quando li sobre o assunto me perguntei o porquê do dedo anelar representar o “parceiro”, aí vem a parte interessante, ao unir as mãos pelas pontas dos dedos, exceto os dedos do meio que deverão estar dobrados (um encontrado com o outro), observa-se que os polegares, que indicam seus pais, podem ser separados, você não viverá com eles o resto de sua vida; os indicadores, seus irmãos, separam-se facilmente, um dia também vão se separar de você, pois terão suas próprias famílias; os dedos mínimos também podem ser separados, indicam seus filhos que também irão crescer e se casar. Mas os dedos anelares não conseguimos separá-los, significando que marido e mulher marido devem viver juntos pelo resto da vida.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Um Pequeno Confronto Matinal*


Hoje a pouco estava fazendo um Refresh em um destes portais da internet cuja exibição principal é notícias cotidianas, e, me deparei com a reportagem informando que uma emissora exibirá pela primeira vez um beijo gay em um de seus burlescos e cansativos seriados. Até então não me surpreendeu, mas fiquei ligeiramente curioso para ver o quão poderia ser a repercussão no público em geral.

Realmente era o que se esperava. O portal dá liberdade para os leitores comentarem sobre as noticias e, definitivamente, quando li senti uma pontadinha no coração. Vi como o preconceito é grande, principalmente por parte dos religiosos... Cada comentário mais grotesco que o outro...

Mas aí fiquei pensando: o pessoal “heterossexual”, em sua grande maioria - Porque para toda regra existe sua exceção -, tem fascínio julgar o homossexual, citam sempre o tal episódio de “Sodoma e Gomorra”, insinuam que se tivermos filhos daremos maus exemplos aos mesmos, nos comparam com pervertidos usurpadores da inocência infantil (pedófilos) - E se esquecem que antigamente um homem de 25 se casava com outra de 15/16 anos -, temem que sua prole se torne gay à mínima insinuação em seu campo de visão e declaram que preferem ter seus filhos como usuários de drogas ou mortos à homossexuais.

A igreja torturou e matou cruelmente milhares de pessoas na inquisição, apoiou o vergonhoso episódio da escravidão, fechou os olhos para o Terceiro Reich e o infausto holocausto. Tudo por puro preconceito e na tentativa de erguer a bandeira do falso moralismo, pois, por trás disso tudo haviam estupradores, pedofilia, homens que batiam em mulheres, incestos e diversas outras atrocidades.

Será mesmo que o heterossexual está longe de ser mau exemplo para seus filhos? Já pensaram no carnaval deste ano e dos outros que se passaram? Mulheres com suas partes íntimas de fora rebolando até terem hérnia de disco e insinuando sexo conspurco. E o funk brasileiro? Com letras de musicas porcas que entorpecem nossos ouvidos com pura leviandade. E a banheira do Gugu? Alguém se lembra? - ...(risos)... - Preconizava-se que era um programa para toda a família, mas colocavam as mulheres de biquíni na banheira junto com homens e os faziam lutar por sabonetes na banheira cheia de água. Homens passavam a mão nas mulheres, nadegas insinuavam-se ao pênis, seios sempre saltavam para fora de sua prisão. E quando entravam duas mulheres? Meu Pai quase tinha um orgasmo! Minha mãe, quando passava este quadro, tapava meus olhos com sua mão e mandava sair da sala!

Será mesmo que a sociedade acha que uma criança vendo dois homens beijando iria querer ser igual? Se for assim eu acho que deveríamos proibi-los de assistir filme de ação com ladrões e de terror, pois daqui a uns anos virariam assassinos, criminosos e pedófilos, não?

Pessoal, sabemos bem que crianças não viram gays por verem dois homens se beijando, muito menos os gays viram heteros ao verem um homem e uma mulher se beijando. Qual o problema nisso tudo? Beijo é a demonstração de afeto, é a prova da tentativa de união entre dois corpos em um só...


*Não sou e nunca fui um cara que defendesse a homossexualidade “a ferro e fogo”, mas acho que merecemos respeito e não devemos ser julgados, já que ninguém tem a moral suficiente para apontar o que é errado e o certo.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Um Tabu: A Arte de Ignorar*


Do latim ignorare, ignorável, não saber, não conhecer, não por em experiência. “Significa deixar-se levar pelo ciclo de encadeamentos que deduzem ao nascimento e à Dor, significa ignorar o início e ignorar o fim; significa ignorar o que é interior aos seres e que lhes é exterior, significa ignorar a árvore e ignorar o fruto, significa ignorar o preto e ignorar o branco, significa ignorar a Dor e significa ignorar o Nascimento.

Ignorar é um fogo que se alimenta da falta de domínio dos sentimentos, da inconsciência de impressões sentidas, da atenção mal dirigida, da recusa em aceitar as Quatro Nobres Verdades (Dukkha, Samudaya, Nirodha, Magga), do desconhecimento da "Doutrina" e de más disposições do espírito”.


*Por se tratar de um tabu, acho que escrevi palavras demais.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

De Olhos Bem Abertos


Bom, essas semanas que se passaram não foram lá as melhores do mundo... - Mentira! Foi sim! - ... mas consegui trazer algumas novidades fabulosas e bastante inspiradoras. Terminei com o Fotógrafo definitivamente, o relacionamento estava bastante fatídico, eu estava achando que ia enlouquecer e ser jogado em algum hospício da cidade, pois criei uma teoria da conspiração que eu mesmo achava que estava alucinando e ficando louco, mas não, não estava e a pouco fui descobrir que era completamente verdade tudo que havia pensado. Deixe-me tentar explicar de uma forma sucinta e pouco cansativa:

Da ultima vez que terminei com o Fotógrafo eu escrevi em um post que havia percebido que alguns caras estavam seguindo, junto a mim, a “estrada em que ele voava”, certo? - Que viagem! (risos). Pois bem, após eu terminar por telefone a nossa relação, ficamos alguns dias em silêncio, mas logo nos contatamos a fim de forjar uma amizade - ...coisa que não deu certo. Não sei o porque ou como, mas em uma destas ligações surgiu o assunto de “termos relações com outros homens” e ele confessou ter ficado com um cara há duas semanas atrás. Eu, curioso, perguntei quem era e logo recebi a resposta esperada, “O Nadador, Mister Thinker”, disse ele sem pudor algum. Esse Nadador estava em sua página em um site de relacionamentos “amistosos” virtuais.

Para mim isso tudo foi um supremo e, agora não mais, utópico orgasmo intelectual, porque quando ele adicionou o cara, logo perguntei quem era, ele mentiu da primeira vez, se embaralhou na segunda e por fim disse que havia o conhecido no feriado do carnaval em sua cidadezinha perversa. Fiquei extremamente desconfiado após ver algumas mensagens lá. Enfim, após rir muito, comprovei minha integra sanidade mental, calei minha boca, a fim de pensar nas supostas atrocidades ocorridas antes do nosso termino, e me veio diversas coisas em mente que aqui não delatarei por produzir um titânico post de mau gosto. Conclusão: O Cara tinha razão! Ele já havia me falado isso há alguns meses antes de terminarmos... E uma observação satânica que eu não pouparei: além dele ter contado isso, ele me confessou que os caras que ele tem “amizade” são interessados nele! E que assim que alguns ficaram sabendo do seu presente estado civil, se declararam... Então eu só me pergunto uma coisa: Qual o verdadeiro significado deste tipo de amizade? - Mister Thinker não julga! Quem quiser que tire suas próprias conclusões.

Acho que não me importei tanto com o que ele me disse por eu já estar em outro relacionamento... o Husky Siberiano.

- Oh Irina Palm! Seria este mais um relacionamento fatídico como os outros? Seria uma falsa esperança no fim do túnel? Apenas uma distração até a velhice? Espero que não...

sábado, 25 de setembro de 2010

O Traidor 1



Ontem eu estava na cozinha a fim de fazer alguma refeição e a única coisa que tinha na geladeira, descongelada, era carne moída, que aparentava-se morbidamente sem vida. Peguei-a na mão crua, olhei para ela que derramou um pingo de sangue diluído - Como se faz uma carne moída?

Tenho meus dotes culinários que, definitivamente, satisfazem quaisquer famintos ou qualquer bom degustador de comida, mas definitivamente, o que fazer com a carne moída? Coloco-a na água e deixo ferver? Jogo na gordura e depois que acabar de fazer barulho eu a tiro? Ou jogo na panela e deixo até achar que está bom?

Enquanto cozinhava, pela fresta do olho, eu visualizava aquela carne que não tinha forma e que perdurara na panela até que houvesse alguma intervenção alheia. De repente veio um cheiro ruim que não agüentei ficar muito tempo dentro da cozinha - Não com ela toda fechada!

Após o término do almoço, confesso que a última coisa que queria ver era aquela carne - Urgh! - Que cheiro estranho ela tinha, mau eu conseguia olhar para a panela.

Assim, vendo aquilo, lembrei da vez que encontrei um cara da internet...

Pouco antes de conhecer o Rapazinho, entrava com certa freqüência em salas de bate papo. Em uma destas vezes, eu encontrei um rapaz cuja foto, naqueles programas de mensagens instantâneas, era muito bonita. Ele tinha um bom papo e eu o lugar para encontrarmos e conversar. Marcamos de nos conhecermos no dia em que nos conhecemos mesmo no chat, questão de horas depois.

Assim que ele chegou em minha casa eu percebi uma grande diferença entre ele e a foto, embora ele fosse muito bonito, loiro dos olhos castanhos claros, cabelo liso, mais branco que a morte, alto, forte, não era o cara que eu havia traçado, imaginado para ter alguma coisa. Abri o portão da garagem onde ele colocara a moto, entramos e logo fomos beber refrigerante - Verdade! Refrigerante! Conversamos um pouco e logo ele me esclareceu sobre a foto, disse que namorava a cinco anos com um cara e que estava ali para traí-lo, portanto, nada mais obvio que “pseudonomeá-lo” de Traidor 1. Confesso ter ficado semi absorto, mas Mister Thinker resolveu não julgar, manteve-se neutro, até determinado momento.

Conversa “vai-vem” e o inevitável acontece, com apenas um empurrão em direção aos azulejos puros e congelados, ele me apertara fortemente entre seu corpo e a parede, me acertando um beijo com sua boca vermelho sangue. Instintivamente ele me segurou, levou para o quarto mais próximo dali e me jogou na cama - Pensei: Ou eu seria violado involuntariamente ou realmente ele estava a todo gás e queria as coisas mais “quentes”, embora o “quente” não necessariamente fosse sinônimo de rudez. Tirou sua blusa, desabotoou a calça e logo percebi um cara realmente em desespero de me ter no íntimo. Desconcertei-me, não estava interessado em ficar com ele, fui no embalo em que ele me levou, mas chegou a um ponto em que eu não agüentava mais, simplesmente eu estava com o falo, melhor, não estava com o falo ereto, e a minha boca já começara a repudiar os beijos alheios. Percebendo tudo ele logo parou, vestiu sua calça começou a verborragiar, questionando se eu não havia gostado dele e informando que muitos o desejavam e ele havia gostado muito de mim. Pedi desculpas por tudo e menti falando que estava indisposto, a fim de evitar sofrimento alheio. Ele foi embora de cabeça baixa e nunca mais o vi.... - Mentira, o vi uma única vez, há poucos meses atrás nos esbarramos uma danceteria, mas ele não me reconheceu...(risos)

E assim aprendi três lições:

Não é agradável “degustar” o que não gostamos.

Não é legal forçar o que já se sabe não dar certo.

Não sei fazer carne moída.

sábado, 21 de agosto de 2010

Menino Chorão


Menino chorão,
Por que choras ai jogado em pleno chão?
Será que perdeu o orgulho e a dignidade em alguém que prometeu um dia voltar?
Será que choras por saber que um dia morrerás?

Sem se importar com qualquer um ao seu redor,
Ele chorava e recitava algo de cor
Seriam lamentos arrependidos de algum dia?
Ou simplesmente frases chulas em meio a poesias?

Menino chorão,
Pare de lamentar!
Aquele que um dia se foi, ainda poderá voltar!

Menino Chorão,
Levante e limpe essas lágrimas com a tua própria mão.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Sem Muitas Palavras


Uma foto, uma frase e uma música, apenas:

“Problema não se acha, se cria”.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Transpondo Conceitos


Ta aí... estes dias andei “pagando a maior língua de todas”. Há uns anos atrás fui a uma parada LGBT que não acabou muito bem, não só pelo fato do trio elétrico de uma das danceterias GLS mais famosas de BH ter perdido o freio e sair aniquilando qualquer gay presente no caminho, mas também pela forma de entretenimento do público local (promiscuidade, drogas, bebedeiras e afins). Saí de lá frustrado e prometendo a mim mesmo não freqüentar mais este tipo de evento vergonhoso.

Há dois domingos, passando por cima de qualquer pudor e orgulho meu, resolvi dar o ar da graça na 13ª Parada do Orgulho LGBT de Belo Horizonte com a Lesada. O evento foi agradável, de verdade! O publico, desta vez, estava um pouco mais ponderado, embora existissem alguns despudorados, não vi travestis com seios de fora ou tentando alguma façanha deturpadora. Mas uma coisa eu percebi, o pessoal neste tipo de evento não está ali à toa não! O tanto de homens que queriam ficar comigo não foi brincadeira não! E os que estavam com os namorados do lado e me flertavam?! Particularmente, quando eu me deparei com estes casos logo pensava no fotógrafo que não estava em sua cidadezinha perversa, mas em uma “extensão” dela, que sediava um daqueles eventos de “exposições”, que particularmente nunca entendi muito bem sua intenção.

- O que ele estaria aprontando lá? Ou melhor, o que ele havia aprontado lá? Nem quis imaginar, para falar a verdade.

Ficamos lá até o término do evento, que foi depois de um crepúsculo fantástico no centro de Belo Horizonte, após a lua cheia usurpar o brilho do Sol e fazer do Céu um espetáculo acastanhado.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Um Tabu


Final de semana passada, após conversa com o Marcelino, refleti bastante sobre uma questão abordada durante a ligação. Após ele contar sobre a prisão e toda aquela polêmica aterrorizante, procurei um assunto mais ameno para falar com ele e infeliz fui contar-lhe que havia encontrado na academia com o Dragão:

- O Dragão! Aquele seu amigo que gostava de coitos a três, ele, o namorado e algum convidado especial. Meu deus! Onde esse mundo vai parar!

- Ah sim! Mas não tem nada demais nisso não! Eu faço com meu namorado também! É para apimentar a relação.... Mister Thinker?

Por cinco minutos fiquei mudo no telefone tentando entender a logística de tal ação, com o intuito de apimentar o relacionamento, e ao mesmo tempo procurava por algum assunto evasivo, a fim de evitar deturpações mentais que viriam a me afetar durante e após tal conversa. Perdi as estribeiras e entrei em estado de estupor, percebendo isso tudo ele tentou se justificar dizendo que relacionamento gay era assim mesmo, que no fim, se eles não fizessem isso, acabariam um traindo ao outro sorrateiramente e por fim terminariam o relacionamento devido a desgastes e rotinas severas - Que relacionamento?

Tentei me acalmar, juro que fui ao inferno e puxei a mão da alma mais profunda do mar de larva existente, a procura entendimento e paciência, mas não deu certo, a cada palavra que falava eu ficava mais revoltado. Para mim era uma desculpa esfarrapada, “conversa para boi dormir”, “papo de aranha”, tudo para acobertar a falta de pudor que a vida lhe trouxe e ele aceitou de “bandeja”.

Fiquei imaginando eu e o Fotógrafo acompanhados por outro homem, beijando e executando ações sexuais. Senti um fervor em minhas bochechas, minhas mãos se fecharam involuntariamente e tremiam feito folha perante refegas de ventos, era um acesso colérico que brotava dentro de mim, me deixando azedo como o tamarindo mais “verde” que já comi na infância.

Marcelino alegava que se tornara assim devido às decepções anteriores, disse que após um ano e meio de relacionamento com os rapazes, sempre “caia” no tédio - Mesmo corpo, mesma ação de sempre -, e se esse tédio não fosse contido, se transformava em traição que, consequentemente, acarretava em mentiras e término. Também falou que homem é muito sexuado e que quando saísse sozinho em algum momento, ficaria interessado em outro cara e acabaria em uma relação casual. Assim, melhor era compartilharem, os dois, de um terceiro homem juntos, a um enganar o outro - ?????

Questionei se ele realmente amava esse cara, pois não achava certo isso e para mim o conceito de amor deles havia caído por terra a partir do momento em que começaram a aceitar e a se submeterem a estas coisas. Ele afirmou, conceituou “amor” e proferiu que carne e osso não têm nada a ver com o sentimento deles, faziam aquilo por necessidade de possuírem corpos alheios com o intuito de diversão e satisfação carnal, e frisou que antes, durante e após os encontros, eles se amavam da mesma forma.

Meu Deus! Fiquei chocado com a frieza mundana que Marcelino tratava o assunto! Para ele era tudo completamente normal! Mas como poderia ser? Imaginem! Meu namorado transando com outro cara e eu junto, apoiando moralmente e ajudando no processo! O cara que eu amo com outro! Meu Deus! E depois? Como conseguiria olhar para cara dele?! - Respira, respira, respira Mister Thinker, você é melhor do que isso!

Não acho que esteja preparado para aceitar isso e só de pensar me causa um aperto no peito e uma falta de ar agonizante. Mas sabe? Infelizmente relacionamento gay não tem muita durabilidade, a maioria se deixa corromper por um pedaço de bife novo que aparece momentaneamente em suas vidas, um encontro casual que provavelmente não resultará em nada além da excitação, do orgasmo temporário. Talvez isto aconteça por não existir algo sólido que “impeça” a separação, que imponha a responsabilidade, que torne a união sólida e mais séria do que realmente aparenta ser.

Posso a firmar que delirei na conversa dele, pensei muito enquanto falávamos, falei alto, me alterei, pois era algo contra mim, ofensiva, que de alguma forma ele queria que eu aderisse e fizesse isso no meu relacionamento, pois julgava ser a única solução para o tédio. Por um momento me deu vontade de sair correndo para qualquer lugar do mundo que não fosse gay, alguma ilha abandonada para viver de sombra, água de côco e pescaria. Mas logo percebi que estava padecendo por antecipação, que nem havia acontecido nada e eu já sofrera graças à empatia pelo caso delatado.

Pensei...

- Mister Thinker? Você está bem?

- Sim TrocaTapa, estou numa “nice”...

domingo, 18 de julho de 2010

A Segunda e Fantasmagórica Ab-Reação


Antes de narrar mais uma ab-reação fantasticamente mesquinha, gostaria de fazer uma ligeira pergunta: Quando um pequeno grupo de gays acha um lugar reservado, o que vocês acham que eles fazem com o ambiente? Resposta: eles fazem do lugar uma danceteria ou um lugar para sexo casual. Coisa que aconteceu com o banheiro de uma destas redes de lanchonetes “fast food” - Literalmente! - aqui em Belo Horizonte. Estava eu fazendo um lanche “familiar” sozinho e ai, após o termino do mesmo, resolvi usar o banheiro, ao abrir a porta percebi que três caras masturbavam uns aos outros. Quando perceberam minha presença, dois se intimidaram e foram para um dos boxes com privada e o outro, sozinho, começou a me encarar. Constrangido ao extremo e vergonhosamente com as bochechas ruborizadas, sai “apertado” daquele lugar à procura de um recinto sutil e descente a fim de desprezar a diurese com êxito.

- Porque a maioria dos gays fazem isso?

Sexta feira à noite recebi uma ligação que me deixou realmente absorto, não esperava tanta franqueza e tragédia proveniente de uma única pessoa conhecida. Foi por volta das 19 hs, eu estava a mercê de sair de casa destino à academia, quando Marcelino TrocaTapa me ligou para conversar coisas casuais e para saber algumas novidades a mais que não havíamos compartilhado na última e infeliz ligação. Conversamos sobre o tempo, alguns antigos amigos desaparecidos, sobre sua família e outros assuntos banais, porém, percebi que sua voz estava muito triste e ele parecia dopado. Curioso, resolvi perguntar o que havia acontecido. Foi como uma bomba estourando ao lado do meu ouvido esquerdo, fiquei muito triste com tudo que ele disse.

Confessou-me que há um tempo virara sócio de uma mulher que havia conhecido a pouco e a mesma havia extraviado dinheiro, dado diversos golpes na “praça” e desaparecido com tudo, como ele era o sócio dela, as pessoas começaram a cobrar dele o rombo dado pela “dita cuja”. Disse que no dia em que ele havia ido para Brasília a trabalho, chegando ao hotel onde havia feito reserva, era aguardado por diversos policiais que deram voz de prisão ao mesmo, porém, ao invés de levarem-no para a cadeia, parece que fizeram algumas coisas que aqui não relatarei e depois sim o enjaularam semi nu durante cinco dias na prisão acompanhado por diversos detentos, sem direito a comunicar com seus pais ou qualquer outra pessoa. Chorou muito durante os dias lá e quando completou o quinto eles resolveram deixá-lo ligar para casa. Seu tio, que é um dos “chefões” de determinada entidade pública, conseguiu uma forma de solta-lo mais rápido, porém não ficou imune ao tal do habeas corpus, então, pagando uma fortuna para advogados e afins. Parece que ele perdeu quase tudo que tinha, dinheiro, emprego, dignidade e sanidade mental, pois, iniciara um tratamento medicamentoso (Midazolan, Amitriptilina e Diazepan) devido ao desenvolvimento da tal síndrome do pânico.

Ele ficou bem chateado ao contar estas coisas para mim, e para piorar ele disse que merecia tudo aquilo, pois confiava demais nos outros e era muito bonzinho, sempre ajudando. Entrou também no assunto sobre nosso termino, disse que no relacionamento seguinte ao meu, com o sapateiro, sofreu muito, já que ele fez o mesmo que o Marcelino havia feito comigo, o trocou por um par de pernas semi-perfeito graças à insistência de seus “amigos”, digo os “amigos” do Marcelino, os mesmo que insistiram para ele me trair com o Sapateiro. No relacionamento seguinte a este foi muito conturbado também, o cara era estrangeiro e adorava badernas, disse que ele colocava fogo no carro, quebrava porta de danceterias, aprontava o “diabo a quatro” na rua com o Marcelino. E por fim, seu namorado atual, cujo nome é o mesmo do Fotógrafo - Mera coincidência mundanamente sacana -, recentemente o abandonara, indo morar em outro país. “Eu sei que mereço tudo isso, acho que paguei e pago por cada leviandade que fiz com você, Mister Thinker”, disse ele.

Mais uma ab-reação fantasmagórica que me arrepiou dos pés à cabeça. Confesso ter ficado muito triste com tudo que me contou, imaginei ele chorando na prisão, a humilhação passada, os traumas que adquiriu naquele momento e o desespero que ele deve ter sofrido. Quem sou eu para julgar o que ele merecia ou não pelo que fez comigo...

Assim que desliguei o telefone, sentei na cama horripilado e pedi perdão a Deus por tudo que um dia havia desejado ao Marcelino TrocaTapa.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Meu Caminho


Durante a semana seguinte à ab-reação pitoresca, eu já havia retornado ao meu caminho, onde o Sol começava a brilhar novamente no horizonte, as folhas estavam mais verdes que na vida real, onde eu me sentia mais seguro que em qualquer lugar do mundo. Fiquei mais feliz ao sentir o ar um pouco mais quente, a brisa relativamente fresca em minha pele, os meus machucados nos pés menos latejantes e cicatrizando a cada passo dado.

Achei que havia tomado a decisão certa em largar aquele pássaro seguindo seu estúpido caminho.

Mantive-me ocupado durante boa parte do meu trajeto, pelo menos fisicamente porque minha mente não estava ali, definitivamente não parava de pensar no pássaro, por maior que tenha sido a sua ausência durante o nosso percurso juntos, eu sentia falta dele. Sua forma de escorar-se em meu ombro, seus assovios, seus vôos ao meu redor, sua forma de me fazer sorrir. Acho que não queria ficar sem ele.

Não demorou muito até que outros pássaros, já conhecidos, viessem voar ao meu redor, procurando algum alimento. Por um curto prazo de tempo pensei em deixá-los me seguir, quem sabe em meu ombro? Mas logo desisti e espantei todos os lindos quatro passarinhos para longe, não valiam a pena.

Passados mais alguns poucos dias, por volta do alvorecer, o pássaro surge em meio às nuvens e desce rapidamente, pousando em meu ombro. Parecia ofegante, se é que pássaros ofegam, olhou para mim, que assustado parei e enigmaticamente o encarei. Senti que ele queria falar algo, mas como seu vocabulário era outro, apenas através do assovio ele poderia se expressar. Já sabendo o que ele queria, resolvi levá-lo adiante, mas desta vez em meu caminho.

domingo, 4 de julho de 2010

A Primeira Ab-Reação


Ainda no domingo que havia terminado com o Fotógrafo, após escrever e postar o texto anterior, resolvi sair de casa, estava desapontado, precisava ver pessoas, beber um pouco e pensar em alguma coisa que não fosse essa situação. Fui com a Lesada para um dos bares que mais gosto de freqüentar em Belo Horizonte, o Liberdade, e após, resolvemos estender nossa conversa e processo social em um “pseudo bar” dançante, onde tinha o costume de ir com a Afrodite.

Mesmo envolto por pessoas, eu ainda estava sentindo alguma coisa muito estranha dentro de mim, um aperto no peito, um sentimento de perda, grande ou pequena, era alguma perda. Engraçado, toda vez que termino, gostando ou não do par, normalmente eu tenho esse sentimento, como se fosse um livro que após se conhecer grande parte do conteúdo (intimidade), o mesmo é fechado, colocado na prateleira de uma biblioteca portadora de milhares de exemplares e deixado ali, sujeito à exposição para outro alguém. Tudo bem que o livro acrescenta muita coisa na vida do leitor - Querendo ou não, acrescenta sim!-, porém, sabe-se que seu conteúdo, talvez nunca mais seja violado, e, definitivamente isto é triste! - Não o livro, digo em se tratando de pessoas. Nunca fui um cara que soube lidar muito bem com as “perdas”, imaginem: você se entrega na íntegra a uma pessoa, expõe sua intimidade mais profunda e quando o relacionamento finda, cada um vai para o seu caminho e simplesmente se esquecem, ou fingem esquecer o que foi vivido,muitos momentos que até então foram julgados como especiais. Aí, num quarteirão posterior do caminho de ambos, surgem novos parceiros, em que a intimidade novamente é entregue, levando a uma rotina amedrontadora.

Os rapazes que tentavam uma conversa semi-amistosa comigo, saiam pouco constrangido, eu os tratava com suprema hostilidade, a ponto de ficarem sem palavras perante as minhas citadas.

Por volta das oito da noite, no auge do local, vi um homem com o rosto conhecido em meio àquela multidão. Olhei uma vez e não lembrava bem quem era, mas quando ele me percebeu o olhando, sorriu e olhou diretamente nos meus olhos. Sim, soube naquele momento quem era ele, a Piranha do Banheiro. Instantaneamente disfarcei o olhar surpreso com um sorriso discretamente torto para a Lesada e informei-a sobre tal presença.

Ele estava muito bonito, havia se transformado de acordo com a gravidade terrestre, vestira uma blusa azul escura, calça jeans e tênis, estava mais velho, seus cabelos estavam castanhos e um pouco grisalhos, aumentara bastante sua massa muscular de forma geral e seu sorriso permanência o mesmo, bonito e tentador.

Conversamos, inicialmente, assuntos aleatórios que não se sustentavam por muito tempo, já que o nosso interesse era ouvir outras coisas. Provavelmente no início ele se se intimidou em tocar no assunto pendente que havia comigo pela presença da Lesada, pois, quando ela saiu de perto ele logo começou a falar. Disse que eu era a única pessoa que ele tinha vergonha de olhar nos olhos, que na época em que havia me magoado era porque ele queria sentir-se sozinho, já que acabara um relacionamento de forma conturbada, mas que em momento algum jogou sujo comigo, sendo sincero - Não entendi bem esta parte, pois, se ele não tinha coragem de olhar em meus olhos era por ter convicção de que em algum momento teria feito algo não muito memorável comigo. Elogiou-me muito, disse que eu estava maduro, interessante, bonito, que meu corpo havia se desenvolvido... - Ignorei esta parte. Enfim, falou muita coisa que me deixou estático, principalmente a parte que queria ter um relacionamento comigo, que naquele momento estava preparado para tal, já que ficara quatro anos solteiro, “vivendo pelos cantos”.

Embora ele fosse um homem estável, bonito, independente e sua família pouco se importasse com sua peculiar vida idiossincrática sexualmente prometida, não “caí” muito na dele, acho que falara tudo isso por perceber que estava a mercê da velhice, que não se sentia mais o cara de antes, procurando, então, por estabilidade, ou não, vai saber... Além do mais, ele vivia no mundo de uma forma não muito amistosa, percebi que ele era usuário de maconha e através de seus tragos, entrava em um mundo que não deveria visitar. Assim, resolvi não seguir a conduta "normal" da humanidade que em vez de tapar os buracos da vida, os cultivava para viver dentro.

Por fim, senti um peso a menos em meus pensamentos, uma ab-reação fantasticamente executada em meu inconsciente, qualquer trauma causado por ele em minha vida havia se dissipado naquele momento, transformado em ar, que pelas minhas orelhas escaparam fervorosamente. Percebi que após nossa conversa, não sentia mais nada ao pensar nele, revolta, raiva, mágoa, seja lá o que for, apenas vinha à tona um sentimento de pena, um homem muito bonito, simpático, relativamente inteligente que perdera oportunidades e parte de sua existência em uma vida mundana, sem limites e de juventude que não deveria existir, já que portara seus quarenta anos de idade.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Acasos de Junho


Mês de junho insuperável! Depois de tantas surpresas, encontros e desencontros ao acaso, o mês se finda logo a seguir com chave de ouro.

Infelizmente eu, no meio de uma tremenda bagunça, não tive tempo de escrever aqui, na verdade ainda não estou tendo tempo ocioso, mas sim muitos deadlines a cumprir, um em especial.

Depreco por desculpas devido ao acaso e peço uma, apenas uma semana para resolver “todos” os meus problemas, deadlines e afins. Assim, me disponibilizando integralmente no próximo sábado (03/07/10), ao entardecer, para relatar alguns acasos fantásticos que aconteceram nestas semanas de junho, mas de antemão já adianto alguns codinomes envolvidos: Marcelino TrocaTapa, Fotógrafo, Piranha do Banheiro e o Acidentado.

domingo, 6 de junho de 2010

Duas Frases


Andava eu pela estrada, caminhava sozinho, depois de voltar de mais um dos caminhos avassaladores que me persuadiram, até que vi um lindo pássaro, penas claras, brilhantes, amistoso que só ele. Pousou no meu ombro, assoviou e encostou seu bico em meu pescoço. Quando percebi, ele levantou vôo e foi em direção a uma estrada que cruzara meu caminho. Por um instante parei, olhei para os lados, não vi ninguém, nada que me prendesse naquele momento. Sem muito pestanejo, segui-o, afim de cativá-lo.

No início ele sempre mantinha contato comigo, embora voasse alto, sempre descia para mostrar-se, quando não era para receber algumas migalhas que eu havia guardado no bolso. Com o tempo, percebi que seus vôos eram cada vez mais alto, a ponto de perdê-lo de vista, e cada vez menos ele chegava perto de mim. Já não tinha nem mais migalhas no bolso, todas haviam sido dadas àquele pássaro - O que será que eu fiz de errado? Será que era a falta de migalhas? Por isso ele não chegava mais perto de mim?

Comecei a tremer de frio, minhas pernas doíam, o Sol já havia me abandonado há milhas atrás, mal eu enxergava a ponta do meu nariz, devido a neblina que se instalava no caminho. E essas coisas que pinicavam meus pés? Eu não conseguia ver! O que eram? Onde estava o pássaro? Onde EU estava?

Realmente não sabia bem aonde ele me levara! Assim, parei à beira da estrada e aguardei, por um momento, à perseverança de um bom tempo para continuar a seguir o pássaro. Dias se passaram e nada de melhoras significativas, apenas a neblina que passara, então, denunciando o caminho. Eu assustei. A primeira coisa que observei foi o chão cheio de vidros temperados quebrados, muitos cacos em meus pés sangrantes, mexi meus dedos para provar sua mobilidade, embora doessem, ainda agüentavam mais umas milhas. Vi um caminho cinza, de grandes acidentes adiante e de insegurança, onde algumas pessoas estavam também sendo levadas! Abaixei minha cabeça para ignorar tudo isso e dar um passo, mas desisti, não queria aquele caminho, estava com frio, fome, machucado, sem mais nenhum incentivo, não era justo! Então, com algumas lágrimas escorrendo pelo meu rosto imundo, segui rumo ao caminho que havia abandonado há algum tempo atrás, pensando: 

“Não se pode segurar o vento, só se pode esperar que ele volte”

Sim, agora foi definitivo, terminei de uma vez por todas. Anteriormente - Há três posts atrás - no mesmo dia em que findamos, voltamos a namorar, mas agora não, tomei minha decisão e não quero mais isso. Já sofri o bastante! Sou um cara carente, amoroso, que pensa no futuro sim! Que não quer somente beijos e churumelas! Eu quero viver ao lado alguém que me ama! Nada de ficar pulando de galho em galho como um macaco louco, no cio!

O fotógrafo é um cara muito difícil de lidar, com uma personalidade borderline demais, frio igual a uma porta, talvez, por nunca ter gostado realmente de mim. Afastava-se muito e me deixava à deriva de tudo, segundo plano, namorado de férias, de feriado, de carência, de solidão, mas nunca o “Thinker, meu namorado de sempre”.

Acho que agora eu entendo algumas coisas que aconteceram em minha vida quando era mais novo, com meus dezoito anos de idade. Percebi que homens mais velhos não namoram caras mais novos, não que o Fotógrafo tivesse essa idade, mas ainda perdura com tal maturidade. Pessoas novas demais, infelizmente, não possuem muito aporte mental para encararem situações fortes, não tem desvelo para apurar sentimentos, muito menos sabem ao certo o que sentem, além de perdurarem um bom tempo naquela famosa fase perniciosa, cativa e torrencial de promiscuidade - Agradeço a Deus por nunca ter passado por essa fase! E sempre ter sido munido de bons pensamentos - Qual homem, bem decidido, maduro, vai querer este tipo de tormenta? Se afogar com uma pessoa desta?

Para se ter uma idéia disso, a algum tempo atrás, fui falar sobre meus valores/sentimentos e a partir do momento em que conceituei o significado de “amor” para mim, percebi que a conversa simplesmente se tornara retórica, apena eu falava. Daí em diante já sabia que as coisas não iriam progredir.

Assim, após quase três meses sem nos vermos, eu implorando para encontrarmos, me declarando de todas as formas, tentando um contato saudável que não era recíproco, resolvi, em apenas uma ligação frustrante, findar todo e qualquer laço que tínhamos. Acabar com o que nunca existiu, desistir do que nunca foi meu, do amor que nunca recebi.

Assim, “enterrei-o” naquela cidadezinha perversa, o cara que aprendeu a gostar de Jelly Gummi Bear comigo, que dizia que falar “te amo” demais era enjoativo e que delatava que a sua melhor noite de sexo foi à beira da represa de sua cidade com outro.

Somos completamente opostos, eu um peixe dentro d’água, preso por uma barreira obrigatória, ele um pássaro livre com espírito de aventureiro, alforriado de qualquer coração, que não exibiria o mesmo “brilho” preso dentro de uma gaiola.

“Um pássaro e um peixe podem se apaixonar, mas aonde eles iriam se amar?”

E por um raro momento, em toda a minha vida, eu quis ter asas.


Obs.: Não guardarei mágoas suas, não o terei como pernicioso ou o maldito cara que um dia cruzou minha vida. Hoje, com pensamentos mais apurado, graças a meu discernimento mental maduramente precoce, o terei como um exemplo, não de “como não se deve fazer”, mas de como agir perante algumas idiossincrasias, quase insuperáveis, alheias.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

A Primeira Vez


Lembro-me exatamente como se fosse ontem, do dia em que perdi minha virgindade com um homem. Estávamos em uma das loucas e exacerbadas festas na Mansão do Giò. Eu já namorava o Marcelino TrocaTapa havia quatro meses e nunca tínhamos nos tocado “daquela” forma.

Nosso namoro era parecido com aqueles entre homem e mulher dos anos 40, onde mantinham uma integridade moral e respeitavam um ao outro perante qualquer situação - Pelo menos foi assim no início, no primeiro ano de nosso relacionamento. Trocávamos bilhetes de amor, poesias e confissões memoráveis de paixão. Eu o tinha como nunca terei ninguém, era um amor tão grande e intenso que me fazia arrepiar ao chegar perto dele e às vezes, literalmente, me fazia perder o fôlego. Éramos inocentes, ambos virgens, sem muito conhecimento sobre aquela vida que escolhemos e vivíamos naquele momento. Mas sabe? Tínhamos uma única certeza, que nos amávamos muito e que aquilo não era brincadeira.

A festa estava relativamente cheia de personalidades agradáveis, muita bebida, petiscos, música alta e luzes na danceteria que ofuscavam qualquer “olhar maior”. Eu dançava e dançava, até que vi chegando perto de mim o Marcelino que estava muito bonito, vibrei ao vê-lo daquela forma, trajava uma blusa de malha azul marinho, calça preta larga, sua pele estava bem clara, barba por fazer, cabelo curto, negro e estrategicamente espetado, estendeu um sorriso enorme para mim e nos beijamos. Curtimos boa parte da noite junto ao pessoal da casa, porém, percebi que ele estava com um sentimento diferente e não poderia ser demonstrado ali, então, fomos para um dos quartos da casa.

Neste dia, enfim, conheci seu corpo e, definitivamente, não sabia o quão perfeito ele era - Vamos dar uma ênfase aqui no verbo “era”. Ele acabara de completar seus dezoito anos - Eu, ainda menor de idade -, seu corpo era másculo, forte, pálido como a reação da brisa gélida em nossos rostos nos tempos de inverno rigoroso, pelos pelo corpo inseridos um a um e dispostamente arrojados que faziam uma sintonia fantástica com sua cor, seu tórax era forte e grande, pernas grossas, firmes, que nos momentos de prazer apertavam as minhas proporcionando dor. Apagamos as luzes e continuamos a nos beijar, nos acariciar, até que “tudo” aconteceu, “tudo” que aqui não relatarei, pois o post perderia seu sentido, deixando sua sutileza singela, tornando-se um conto erótico grotesco, quem sabe.

Ao terminarmos, confesso que fiquei com medo, era a decisão definitiva da minha vida, eu era realmente homossexual, havia feito amor com um homem, o homem que eu amava. Fiquei estarrecido, tremi de medo, pois a decisão era muito forte e madura demais para minha idade na época.

Sem muitas palavras, apenas pensamentos e atitudes significativas, permanecemos ali deitados, abraçados. Terminando, assim, aquela noite com um leve som de um rouxinol cantando em um de meus ouvidos “Te Amo”.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Dois Anos de Mister Thinker!


Tardiamente venho comemorar dois anos de Mister Thinker! - Hyeeeeeeeiii!- Dois anos de desabafos, churumelas, irritações, e muito mais! E para demonstrar minha felicidade, mesmo com a vida deturpadamente incomum, hoje resolvi compartilhar a minha lista de vídeos que me fazem melhorar o humor.

sábado, 15 de maio de 2010

Sempre Até o Meio do Caminho para a Lua


-Ouh! Você fez isso de novo, Mister Thinker! (Tapinhas de consolo no ombro) Oh oh ouh! (risos).

Jack era ágil
Jack, ele era rápido
Jack podia saltar por cima de um pavio de vela acesa

Agora ele se foi e eu estou queimando
Totalmente sozinho
Sim, ele foi embora e eu ainda estou aqui queimando, oh não!

Uma bela história deixada incompleta
Oh, como ele me balançou
Sentado em minha janela
Achando que eu vou enlouquecer
Por que você me levou só até o meio do caminho para a Lua?

E eu não posso superar isso, superar
depois de ter amado Jack
Não há como voltar atrás, voltar atrás

Jack e Jill subiram a colina
Para buscar um balde d’água, mas houve um derrame
E Jill desceu rolando, sozinho
Todos desceram rolando, oh não!

Puxado drasticamente para o chão pela gravidade
Será que vai continuar a ser um mistério?

Sentado em minha janela
Achando que eu vou enlouquecer
Por que você me levou só até o meio do caminho para a Lua?

E eu não posso superar isso, superar
depois de ter amado Jack
Não há como voltar atrás, voltar atrás

Uma bela história deixada incompleta
Oh, como ele me balançou

Sentado em minha janela
Achando que eu vou enlouquecer
Por que você me levou só até o meio do caminho para a Lua?

E eu não posso superar isso, superar
depois de ter amado Jack
Não há como voltar atrás, voltar atrás

Oh não, não, depois de ter amado Jack
Não há mais como voltar atrás


Obs.: Semana que vem eu explico tudo

sábado, 1 de maio de 2010

A Saudade


A saudade é um sentimento existente no coração de qualquer ser humano, é advinda de recordações nostálgicas, carinhosas de algo/alguém especial que está ausente, acompanhado da necessidade de tê-lo ou possuí-lo. É quase única no nosso vocabulário e pertence à lista britânica das sete mais difíceis palavras de se traduzir a outro idioma. Sua etimologia advém do latim solitarius que provém da família solitas, solitatis, solidão. Tal palavra não possui a mesma definição de sua origem etimológica, assim, ainda pouco se sabe sobre a origem do seu real significado.

Alguns dizem que foi criada na época do descobrimento do Brasil, quando os portugueses chegaram aqui em nossa Terra “virgem”, e usurparam nossos bens naturais, se depararam com índios, escassos habitantes idiossincraticamente opostos ao “comum” para eles. Saudosistas pela amarga distância, sentiam falta de suas famílias que estavam do outro lado do oceano Atlântico, pessoas que sumiam pelo vasto e novo terreno ou que haviam morrido.

Penso que saudade vai além do conceito simples da língua portuguesa, é um sentimento vivido não só pela ausência de comunicação, mas também o contato físico com pessoas que gostamos, amamos. É a companheira imediata da solidão, inseparável do amor, suave cheiro dos momentos de afeto e benevolência.

Acontece ao acaso ou quando algo te faz lembrar quem lhe falta, seja seu doce perfume, lugares ou momentos. Ela vem de mansinho e quando se menos espera atua como forte deturpadora de outros sentimentos, lacerando a alma e levando à inconseqüência.

Saudade é a dor que sufoca o coração e alegra a alma. Saudade é presença do ausente, é lembrança do bem-querer, um doce convívio com a distância, uma alegre e agradável tristeza do “ver-não-vendo”, do amar sem o objeto do amor...

domingo, 25 de abril de 2010

Fragmentos de Mister Thinker: Um Domingo


14:30 Afrodite liga, marcamos Pôr do Sol, Pampulha.

16:40 Acordo desesperado, atrasado, duas chamadas. Afrodite. Corro para o banheiro, cabelo, dente, água, toalha. Quarto, guarda-roupa, roupa, perfume, rua, ônibus, transito.

17:20 Pampulha, Afrodite, Pôr do Sol. Verborragia, fala, diálogo, monólogo, interrupção.

18:00 Parque cheio, criança, adulto, tio. Twist, subida, silêncio, conversa:

- Afrodite, ando meio chateado...

Gira, sobe de vagar.

- Temo que ficaremos sozinhos no fim da vida!

- Mas você tem a mim, Thinker!

- Digo em relação a companheiro, amor, dupla. Em nosso “meio” sabemos que tudo se pode. Nem em casamento, que um dia já foi julgado como instituição estável, hoje em dia passa um mês, se dissipa pelo ar ou acaba na frente do trono do Juiz e se divide os bens por puro interesse. As pessoas não estão satisfeitas com nada e sempre optam pelo novo que está “dando mole”! Olha a Sandra Bullock, aparentemente perfeita e o marido foi acabar com aquela mulher estraaaaaanhaaaaa...

Twist sobe, sobe, sobe, desce, frio na barriga. Sobe de novo, sobe, frio na barriga:

- Eu quero descer Afrodite! Isso vai caiiiiiiiiir!

Desce, sobe, na longitudinal, enjôo, enjôo, casamento, fim sozinho, dobradinha...

- Dobradinha, Mister Thinker?

- É! Dobradinha me dá enjôo!

Tonteira, desespero, vasoconstrição, adrenalina, estupor, desce, sobe, desce e pára...

Tonteira, algodão doce, carro, final do jogo do Cruzeiro, transito, engarrafamento, atalho, centro.

Comida, comida, salmão, arroz, comida, Hashi, conversa séria, pseudotensão, amortecimento no estômago, conta cara, pagamento, saída. Carro, sinal vermelho, conversa, sinal verde, música, risos.

21:00 Praça da Assembléia, balanço, “balango”, “balango”, vento no rosto, reclinação, conversa, conversa, árvore, areia, estranhos, brisa, vento, rosto, recordações, infância, olhos fechados, Fotógrafo, amor, saudade, carência, distância, desequilibro, susto.

Carro, trânsito, verborragia, EMOrragia, divertimento, música, surpreendimento.

Pronto. Em casa, internet, Fotógrafo, conversa tensa, amistosa, amor, amor, Gummy Bear, Batata de latinha, Suco de caixinha, satisfação, dia fantástico, Afrodite, amizade, amor. Sono, preto.