sexta-feira, 25 de junho de 2010

Acasos de Junho


Mês de junho insuperável! Depois de tantas surpresas, encontros e desencontros ao acaso, o mês se finda logo a seguir com chave de ouro.

Infelizmente eu, no meio de uma tremenda bagunça, não tive tempo de escrever aqui, na verdade ainda não estou tendo tempo ocioso, mas sim muitos deadlines a cumprir, um em especial.

Depreco por desculpas devido ao acaso e peço uma, apenas uma semana para resolver “todos” os meus problemas, deadlines e afins. Assim, me disponibilizando integralmente no próximo sábado (03/07/10), ao entardecer, para relatar alguns acasos fantásticos que aconteceram nestas semanas de junho, mas de antemão já adianto alguns codinomes envolvidos: Marcelino TrocaTapa, Fotógrafo, Piranha do Banheiro e o Acidentado.

domingo, 6 de junho de 2010

Duas Frases


Andava eu pela estrada, caminhava sozinho, depois de voltar de mais um dos caminhos avassaladores que me persuadiram, até que vi um lindo pássaro, penas claras, brilhantes, amistoso que só ele. Pousou no meu ombro, assoviou e encostou seu bico em meu pescoço. Quando percebi, ele levantou vôo e foi em direção a uma estrada que cruzara meu caminho. Por um instante parei, olhei para os lados, não vi ninguém, nada que me prendesse naquele momento. Sem muito pestanejo, segui-o, afim de cativá-lo.

No início ele sempre mantinha contato comigo, embora voasse alto, sempre descia para mostrar-se, quando não era para receber algumas migalhas que eu havia guardado no bolso. Com o tempo, percebi que seus vôos eram cada vez mais alto, a ponto de perdê-lo de vista, e cada vez menos ele chegava perto de mim. Já não tinha nem mais migalhas no bolso, todas haviam sido dadas àquele pássaro - O que será que eu fiz de errado? Será que era a falta de migalhas? Por isso ele não chegava mais perto de mim?

Comecei a tremer de frio, minhas pernas doíam, o Sol já havia me abandonado há milhas atrás, mal eu enxergava a ponta do meu nariz, devido a neblina que se instalava no caminho. E essas coisas que pinicavam meus pés? Eu não conseguia ver! O que eram? Onde estava o pássaro? Onde EU estava?

Realmente não sabia bem aonde ele me levara! Assim, parei à beira da estrada e aguardei, por um momento, à perseverança de um bom tempo para continuar a seguir o pássaro. Dias se passaram e nada de melhoras significativas, apenas a neblina que passara, então, denunciando o caminho. Eu assustei. A primeira coisa que observei foi o chão cheio de vidros temperados quebrados, muitos cacos em meus pés sangrantes, mexi meus dedos para provar sua mobilidade, embora doessem, ainda agüentavam mais umas milhas. Vi um caminho cinza, de grandes acidentes adiante e de insegurança, onde algumas pessoas estavam também sendo levadas! Abaixei minha cabeça para ignorar tudo isso e dar um passo, mas desisti, não queria aquele caminho, estava com frio, fome, machucado, sem mais nenhum incentivo, não era justo! Então, com algumas lágrimas escorrendo pelo meu rosto imundo, segui rumo ao caminho que havia abandonado há algum tempo atrás, pensando: 

“Não se pode segurar o vento, só se pode esperar que ele volte”

Sim, agora foi definitivo, terminei de uma vez por todas. Anteriormente - Há três posts atrás - no mesmo dia em que findamos, voltamos a namorar, mas agora não, tomei minha decisão e não quero mais isso. Já sofri o bastante! Sou um cara carente, amoroso, que pensa no futuro sim! Que não quer somente beijos e churumelas! Eu quero viver ao lado alguém que me ama! Nada de ficar pulando de galho em galho como um macaco louco, no cio!

O fotógrafo é um cara muito difícil de lidar, com uma personalidade borderline demais, frio igual a uma porta, talvez, por nunca ter gostado realmente de mim. Afastava-se muito e me deixava à deriva de tudo, segundo plano, namorado de férias, de feriado, de carência, de solidão, mas nunca o “Thinker, meu namorado de sempre”.

Acho que agora eu entendo algumas coisas que aconteceram em minha vida quando era mais novo, com meus dezoito anos de idade. Percebi que homens mais velhos não namoram caras mais novos, não que o Fotógrafo tivesse essa idade, mas ainda perdura com tal maturidade. Pessoas novas demais, infelizmente, não possuem muito aporte mental para encararem situações fortes, não tem desvelo para apurar sentimentos, muito menos sabem ao certo o que sentem, além de perdurarem um bom tempo naquela famosa fase perniciosa, cativa e torrencial de promiscuidade - Agradeço a Deus por nunca ter passado por essa fase! E sempre ter sido munido de bons pensamentos - Qual homem, bem decidido, maduro, vai querer este tipo de tormenta? Se afogar com uma pessoa desta?

Para se ter uma idéia disso, a algum tempo atrás, fui falar sobre meus valores/sentimentos e a partir do momento em que conceituei o significado de “amor” para mim, percebi que a conversa simplesmente se tornara retórica, apena eu falava. Daí em diante já sabia que as coisas não iriam progredir.

Assim, após quase três meses sem nos vermos, eu implorando para encontrarmos, me declarando de todas as formas, tentando um contato saudável que não era recíproco, resolvi, em apenas uma ligação frustrante, findar todo e qualquer laço que tínhamos. Acabar com o que nunca existiu, desistir do que nunca foi meu, do amor que nunca recebi.

Assim, “enterrei-o” naquela cidadezinha perversa, o cara que aprendeu a gostar de Jelly Gummi Bear comigo, que dizia que falar “te amo” demais era enjoativo e que delatava que a sua melhor noite de sexo foi à beira da represa de sua cidade com outro.

Somos completamente opostos, eu um peixe dentro d’água, preso por uma barreira obrigatória, ele um pássaro livre com espírito de aventureiro, alforriado de qualquer coração, que não exibiria o mesmo “brilho” preso dentro de uma gaiola.

“Um pássaro e um peixe podem se apaixonar, mas aonde eles iriam se amar?”

E por um raro momento, em toda a minha vida, eu quis ter asas.


Obs.: Não guardarei mágoas suas, não o terei como pernicioso ou o maldito cara que um dia cruzou minha vida. Hoje, com pensamentos mais apurado, graças a meu discernimento mental maduramente precoce, o terei como um exemplo, não de “como não se deve fazer”, mas de como agir perante algumas idiossincrasias, quase insuperáveis, alheias.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

A Primeira Vez


Lembro-me exatamente como se fosse ontem, do dia em que perdi minha virgindade com um homem. Estávamos em uma das loucas e exacerbadas festas na Mansão do Giò. Eu já namorava o Marcelino TrocaTapa havia quatro meses e nunca tínhamos nos tocado “daquela” forma.

Nosso namoro era parecido com aqueles entre homem e mulher dos anos 40, onde mantinham uma integridade moral e respeitavam um ao outro perante qualquer situação - Pelo menos foi assim no início, no primeiro ano de nosso relacionamento. Trocávamos bilhetes de amor, poesias e confissões memoráveis de paixão. Eu o tinha como nunca terei ninguém, era um amor tão grande e intenso que me fazia arrepiar ao chegar perto dele e às vezes, literalmente, me fazia perder o fôlego. Éramos inocentes, ambos virgens, sem muito conhecimento sobre aquela vida que escolhemos e vivíamos naquele momento. Mas sabe? Tínhamos uma única certeza, que nos amávamos muito e que aquilo não era brincadeira.

A festa estava relativamente cheia de personalidades agradáveis, muita bebida, petiscos, música alta e luzes na danceteria que ofuscavam qualquer “olhar maior”. Eu dançava e dançava, até que vi chegando perto de mim o Marcelino que estava muito bonito, vibrei ao vê-lo daquela forma, trajava uma blusa de malha azul marinho, calça preta larga, sua pele estava bem clara, barba por fazer, cabelo curto, negro e estrategicamente espetado, estendeu um sorriso enorme para mim e nos beijamos. Curtimos boa parte da noite junto ao pessoal da casa, porém, percebi que ele estava com um sentimento diferente e não poderia ser demonstrado ali, então, fomos para um dos quartos da casa.

Neste dia, enfim, conheci seu corpo e, definitivamente, não sabia o quão perfeito ele era - Vamos dar uma ênfase aqui no verbo “era”. Ele acabara de completar seus dezoito anos - Eu, ainda menor de idade -, seu corpo era másculo, forte, pálido como a reação da brisa gélida em nossos rostos nos tempos de inverno rigoroso, pelos pelo corpo inseridos um a um e dispostamente arrojados que faziam uma sintonia fantástica com sua cor, seu tórax era forte e grande, pernas grossas, firmes, que nos momentos de prazer apertavam as minhas proporcionando dor. Apagamos as luzes e continuamos a nos beijar, nos acariciar, até que “tudo” aconteceu, “tudo” que aqui não relatarei, pois o post perderia seu sentido, deixando sua sutileza singela, tornando-se um conto erótico grotesco, quem sabe.

Ao terminarmos, confesso que fiquei com medo, era a decisão definitiva da minha vida, eu era realmente homossexual, havia feito amor com um homem, o homem que eu amava. Fiquei estarrecido, tremi de medo, pois a decisão era muito forte e madura demais para minha idade na época.

Sem muitas palavras, apenas pensamentos e atitudes significativas, permanecemos ali deitados, abraçados. Terminando, assim, aquela noite com um leve som de um rouxinol cantando em um de meus ouvidos “Te Amo”.