Não adianta tentar esquecer o que
não pode ser esquecido, está cravado em mim a vontade de ser saudosista! Não
adianta tentar fazer eu esquecer dos tempos, cada um em sua camada e espessura peculiar,
singelo como um leve sopro no ouvido ou um furacão que leva as roupas do seu
varal para um estranho que vai encontra-la a quilômetros de distância.
Este saudosismo parece um botão
acionado pelos meus sentidos, que imediatamente remetem a imagens e sentimentos
que me dão gosto de ter vivido os momentos que vivi na vida! Não que eu esteja
morrendo e refletindo sobre o bom da vida! Nunca! Embora nascer seja sinônimo
de morrer (pelo menos para mim), estou bem! O problema é a saudade, e não
adianta, ela aparece do nada, e como um pomposo lutador de MMA, acerta bem na sua cara e te deixa estarrecido no chão, tentando se recuperar daquele golpe que,
não necessariamente, foi justo. É algo que existe apenas como sentimento e não deve ser tida como esperança, pois a realidade vivida nunca mais voltará! Aquela sensação de liberdade, aquele sentimento de poder e a irresponsabilidade a flor da pele, dificilmente retornarão. Os momentos de um colo amigo, de segurança, de tranquilidade naquelas grandes épocas gostosas da vida, não serão os mesmos. Trata-se, na verdade, de um grande balde d'água generosamente gelado, que arrepia a pele e descola a alma do corpo por uma fração de segundos...
Acho que isto se trata do que eu
e a Lesada.com conversamos alguns meses atrás. Na adolescência e jovem adulto,
vivemos intensamente, com muitas novidades em um curto espaço de tempo. Será
que eu estou sentindo falta disto? Algo mais espontâneo e frequentemente
modificado? Novidades cansativamente contínuas e uma vida muito louca de
noitadas regadas a bebida e muita risada?
Eis a questão, acredito eu, que será
resolvida na crise dos 40 anos...