sábado, 25 de setembro de 2010

O Traidor 1



Ontem eu estava na cozinha a fim de fazer alguma refeição e a única coisa que tinha na geladeira, descongelada, era carne moída, que aparentava-se morbidamente sem vida. Peguei-a na mão crua, olhei para ela que derramou um pingo de sangue diluído - Como se faz uma carne moída?

Tenho meus dotes culinários que, definitivamente, satisfazem quaisquer famintos ou qualquer bom degustador de comida, mas definitivamente, o que fazer com a carne moída? Coloco-a na água e deixo ferver? Jogo na gordura e depois que acabar de fazer barulho eu a tiro? Ou jogo na panela e deixo até achar que está bom?

Enquanto cozinhava, pela fresta do olho, eu visualizava aquela carne que não tinha forma e que perdurara na panela até que houvesse alguma intervenção alheia. De repente veio um cheiro ruim que não agüentei ficar muito tempo dentro da cozinha - Não com ela toda fechada!

Após o término do almoço, confesso que a última coisa que queria ver era aquela carne - Urgh! - Que cheiro estranho ela tinha, mau eu conseguia olhar para a panela.

Assim, vendo aquilo, lembrei da vez que encontrei um cara da internet...

Pouco antes de conhecer o Rapazinho, entrava com certa freqüência em salas de bate papo. Em uma destas vezes, eu encontrei um rapaz cuja foto, naqueles programas de mensagens instantâneas, era muito bonita. Ele tinha um bom papo e eu o lugar para encontrarmos e conversar. Marcamos de nos conhecermos no dia em que nos conhecemos mesmo no chat, questão de horas depois.

Assim que ele chegou em minha casa eu percebi uma grande diferença entre ele e a foto, embora ele fosse muito bonito, loiro dos olhos castanhos claros, cabelo liso, mais branco que a morte, alto, forte, não era o cara que eu havia traçado, imaginado para ter alguma coisa. Abri o portão da garagem onde ele colocara a moto, entramos e logo fomos beber refrigerante - Verdade! Refrigerante! Conversamos um pouco e logo ele me esclareceu sobre a foto, disse que namorava a cinco anos com um cara e que estava ali para traí-lo, portanto, nada mais obvio que “pseudonomeá-lo” de Traidor 1. Confesso ter ficado semi absorto, mas Mister Thinker resolveu não julgar, manteve-se neutro, até determinado momento.

Conversa “vai-vem” e o inevitável acontece, com apenas um empurrão em direção aos azulejos puros e congelados, ele me apertara fortemente entre seu corpo e a parede, me acertando um beijo com sua boca vermelho sangue. Instintivamente ele me segurou, levou para o quarto mais próximo dali e me jogou na cama - Pensei: Ou eu seria violado involuntariamente ou realmente ele estava a todo gás e queria as coisas mais “quentes”, embora o “quente” não necessariamente fosse sinônimo de rudez. Tirou sua blusa, desabotoou a calça e logo percebi um cara realmente em desespero de me ter no íntimo. Desconcertei-me, não estava interessado em ficar com ele, fui no embalo em que ele me levou, mas chegou a um ponto em que eu não agüentava mais, simplesmente eu estava com o falo, melhor, não estava com o falo ereto, e a minha boca já começara a repudiar os beijos alheios. Percebendo tudo ele logo parou, vestiu sua calça começou a verborragiar, questionando se eu não havia gostado dele e informando que muitos o desejavam e ele havia gostado muito de mim. Pedi desculpas por tudo e menti falando que estava indisposto, a fim de evitar sofrimento alheio. Ele foi embora de cabeça baixa e nunca mais o vi.... - Mentira, o vi uma única vez, há poucos meses atrás nos esbarramos uma danceteria, mas ele não me reconheceu...(risos)

E assim aprendi três lições:

Não é agradável “degustar” o que não gostamos.

Não é legal forçar o que já se sabe não dar certo.

Não sei fazer carne moída.