quinta-feira, 30 de abril de 2009

O Madonna


Estou sentindo que a cada palavra que escrevo aqui é um centímetro que me afundo na areia movediça. Infelizmente ou felizmente, como já havia dito, meu namorado descobriu o meu blog e anda “implicando com meu passado”, alega coisas surreais, aquela cena de ciúmes boba, sabe? Ainda não sei bem o que farei a respeito, ainda penso (o que faço de melhor) ansiosamente. Confesso que fui muito asno e inconseqüente ao ter denunciado meu blog, mas, “arrumou sua cama, agora deite-se”, aceito o fato e paro de postar, apago o blog ou apenas deixo acontecer.

Mas enfim, hoje, ao ler o post passado lembrei-me do Madonna (pseudônimo devido à pinta que ele tem no rosto igual ao da Madonna), um cara que conseguiu me fazer rir muito, conheci-o logo que meu relacionamento com Marcelino TrocaTapa foi por água abaixo, no mesmo dia, tentando afogar minhas lágrimas com um som alto e muita bebida, fui a uma destas danceterias de praxe aqui em Belo Horizonte com o Giò e acabei encontrando ele lá. Ficamos juntos a noite toda e prometemos conversa no dia seguinte.

Esse relacionamento vingou por algumas semanas, encontrávamos freqüentemente. Um dia, minha mãe viajou e assim, ficou eu e o Brit lá em casa, como sempre, muita bebida, (na época) cigarro e comida também (Ah! Internet também). Neste dia, havíamos brigado bastante, pois, por telefone debochara e insinuara que quando nos encontrávamos nunca o recompensara, ou seja, nunca fazíamos sexo! Nossa! Mas nem duas semanas ficamos e ele já queria tudo, quem será que ele pensou que eu era? Enfim, irritado, eu chamei ele para ir a um bar e enquanto isso, meu amigo - ex amigo, seja lá o que for, na época ainda amigo, agora nem sei - estava na internet conversando com caras, bebendo muito e fumando. Olhei para ele antes de sair e tive uma excelente idéia.

Nunca fiquei tão entediado em um encontro (mentira, esse foi o segundo mais entediante, o primeiro foi o rapaz a “crise financeira mundial”), conversamos pouco, bebemos menos ainda, simplesmente ficamos olhando um para cara do outro cerca de quadro horas, quatro lutantes horas. Fomos embora após não agüentarmos mais, ele me deixou na porta de casa, assim, toquei a campainha, Brit veio atender, e então coloquei meu plano em ação. Olhei para trás, vi que o Madonna ainda me esperara entrar em casa para depois partir, percebi que meu amigo estava muito tonto e voltei até o carro: - Está afim de conversar sobre o dia de hoje comigo? – perguntei – Ingênuo e procurando uma resolutibilidade para nossos problemas ele balançou a cabeça e eu intervi com uma “pseudo-chantagem”: “- Ok, mas tenho que levar meu amigo comigo, ele está um pouco triste e gostaria que ele tomasse um ar fresco (simulei uma tosse e reprimi uma grande risada que tomava conta de mim por dentro)”. Ele me olhou com uma cara totalmente questionativa (conversa pessoal + amigo triste = ?). Argumento péssimo o meu, mas foi o único que possívelmente o convenceria de levá-lo.

Eu já tinha certeza do que isso iria resultar, apenas aguardava ansiosamente. Fechei a casa, entramos no carro, Brit atrás, e fomos para a Lagoa da Pampulha “conversar”, foram ridículos seus argumentos e imparcial eu fiquei, meu objetivo ali não era conversar, mas algum fruto eu teria que render ali para que o meu plano verdadeiro desse certo. Por um momento nossa discussão cessou e resolvi olhar para trás e ver como Brit estava. Sim, muito mal como eu esperava (bêbado). Mais alguns segundos e o vi cair no banco de tão tonto, observando tudo Madonna sugeriu que fossemos para casa, eu concordei e guiei-o pelo caminho mais longo de todos.

Percebi que meu amigo estava muito ruim no banco de trás, alguns minutos depois e voilá! Ele acordou e ansioso olhou para mim querendo alguma coisa, como se fosse uma criança querendo doce, mas com medo de pedir a mãe e levar sermão, retribui o olhar e ele entendeu tudo, o Madonna não percebeu nada.

Brit desceu do carro aliviado, saltitante e eu com a alma lavada, sorridente (Madonna não entendeu anda, seu rosto era uma incógnita. Um que estava triste, saiu pulando e com face de alívio, o outro que queria resolver alguma coisa, alguma coisa não resolveu). Sabia que o que tinha feito lhe proporcionaria uma dor física intensa, sem me despedir fechei o portão e ri, ri muito, meu amigo? Mais ainda.

No outro dia Madonna me ligou relatando ter sentido um odor forte de vinho amargo ao entrar no seu carro pela manhã, e ao procurar, achou em grande quantidade, vômito roxo no banco do seu carro, e o pior, tentou lavá-lo com diversos produtos, nem o cheiro, nem a mancha sairiam mais.

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