quarta-feira, 14 de maio de 2025

Entre a Lua e o Sol

 


Sem grandes pretensões — talvez em busca de ar ou apenas de um pouco de silêncio antes do dia começar, olhei para o céu ao final da madrugada. Mas o que encontrei foi um presente: de um lado, a lua ainda firme no céu, discreta em seu posto noturno. Do outro, o sol rasgando o horizonte, tímido e ainda morno. Era como se o mundo não tivesse decidido se ainda era noite ou já era dia. E eu, ali no meio, suspenso.


Lembrei de Ismália, o poema de Alphonsus Guimarães. Da mulher que, ao ver a lua no céu e no mar, enlouquece de tanto desejar o inatingível. Ela queria tudo: o alto e o fundo, o brilho e o abismo. E como não coube em si, lançou-se — sua alma subindo ao céu, seu corpo descendo ao mar.


Mas hoje, diferente de Ismália, eu só contemplei. Não quis voar, nem cair. Apenas vi. E ver foi suficiente.


Há dias em que a beleza não nos exige um gesto. Só presença.


2 comentários:

Leandro disse...

Nos atualize mr thinker, te acompanho há 15 anos kk

Mr. Thinker disse...

Ah! Merece até uma festa de debutante... rs Tanta coisa aconteceu.... Ando mais escrevendo em folhas avulsas, a utilizar o blog. Quem sabe nao vem algo em breve.... heheheh. E o futebol?