sexta-feira, 24 de julho de 2009

O Cara


Lembro-me como se fosse ontem, eu havia acabado de sair da escola, cursava o segundo ano, estava de mochila, tênis e calça jeans. Caminhava para um restaurante ali perto a fim de uma boa refeição. Ao atravessar uma rua percebi que um carro parara e dele descera um rapaz alguns anos de idade a mais que eu, ele projetara um sorriso para mim como se fosse para uma pessoa conhecida. Juro que olhei para trás achando que havia alguém, mas eu estava enganado. Entrei no restaurante logo na frente dele que ainda me flertava, descansei minhas costas deixando a mochila em uma das mesas e fui me servir.

Sentei, iniciei as garfadas suculentas no meu recheado e montanhoso prato de comida até que fui interrompido por uma voz que solicitara minha autorização para sentar-se na minha mesa. Sem perceber balancei a cabeça positivamente ainda com o olhar fixado em meu prato e quando fui perceber era o Cara lá de fora. Ele era bonito, usava roupa social, pele clara, olhos castanhos claros, cabelo liso e espetado, parecia ser um pouco mais alto que eu e corpo forte. Continuei a comer, um pouco mais tenso, pois sentia que a cada instante ele me olhava, me constrangendo e fazendo com que eu perdesse o apetite.

“Thinker”- disse curiosamente - “Não se lembra de mim? O Cara!”. Soltei o garfo instantaneamente após ouvir meu nome e olhei fixamente para ele com um ar de “vou descobrir quem é”. Minhas bochechas coraram e eu lembrei, o Cara! Trabalha no campus da minha mãe e eu já conversara com ele uma ou duas vezes, mas nada demais, algo do tipo “conversa de elevador”.

Conversamos durante muito tempo no restaurante, ele tinha uma lábia, muito assunto e algumas experiências instigante para um bom ouvinte ficar interessado. Depois, chamou-me para ir ao cinema, e eu inocente, achando que havia ganhado um novo colega, quem sabe amigo, aceitei o convite. Até que quando as luzes se apagaram, o filme se iniciou... “batata”....aconteceu o que eu não havia imaginado, ele me abraçara e com grande vigor me deu um daqueles beijos de novela, mas com língua (risos), porque não sei se já perceberam, nas novelas não colocam língua, diz a Deborah Secco que é para não ficar com a boca muito aberta e as bochechas virarem um precipício de tão afundadas que ficam (coisa de estética visual). Enfim, não assisti ao filme, e para falar a verdade não sei nem do que se tratava, nem o título eu sabia!

Ele me deixou em casa, prometendo me ligar logo pela manhã seguinte. Senti meu coração bater, não sei se foi muito forte, mas bateu o suficiente para cativar o Cara. Com o tempo (duas semanas) infelizmente ou felizmente percebi que não éramos feito um para o outro, não para namorarmos. Ele era independente, bonito, tinha seu emprego, já estava prestes a findar seu curso superior, gostava de mim, sempre me tratara bem, mas sabe quando sentimos aquele frio na barriga e a aceleração do coração só de pensar na pessoa? Não tinha, assim, após uma franca conversa decidimos que não investiríamos em um relacionamento, pelo menos não amoroso.

Assim se fez um grande amigo na minha vida, com um lugar enorme reservado para ele no meu coração. Um cara que posso contar a todo instante, que me apóia no que precisar, que estará ali nos momentos mais difíceis e mais fáceis da minha vida, que nunca se afasta de mim, enfim, o Cara!


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