quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Churumelas e Baboseiras Adjacentes à Sua Vida



Quatorze anos de idade foi o momento que eu tive o primeiro contato com o cigarro, bem naquela época de conhecimento, onde temos que provar algumas coisas para sabermos o que realmente queremos da vida. Confesso que a experiência foi boa, aquela tonteira engraçadinha que ficamos durante o processo de adaptação cerebral ao tabaco envenenadamente tóxico.

Aos dezesseis, próximo ao término do ensino médio, experimentei novamente junto com alguns amigos e gostei! Realmente me fazia sentir bem, vertiginosamente satisfeito com a sensação de alívio, quase algo “outside”. Então, assumi o vício e me tornei tabagista de um maço/dia, isso, durante alguns pequenos anos, se comparado ao tempo médio de fumo em vida da população - Porque morto ninguém fuma... Penso...

Desde então não coloquei um tabaquinho minúsculo na boca, até a um mês atrás que me vi em um momento de estresse. Depois disso toda vez que ia a bares ou ficava tenso eu fumava.

Ontem, ao passar por um estresse extremo em casa e acrescido a outros cem, sai à meia noite urgentemente para comprar um maço de cigarros, a caixinha de câncer bizarramente desejada pelo meu consciente par aliviar as coisas aqui dentro, já que era o único que me deixaria mais relaxado. O tempo estava indecoroso, nuvens vermelhas e encharcadas de água a ponto de serem despejadas nesta cidade castigada pelo extremo calor transitório.

Depois que o comprei, pisei no asfalto e percebi o início de uma chuva semi-amistosa, mas com a minha cabeça deturpada, exacerbadamente compulsiva em brotar e expelir idéias, não pensei em voltar para meu quarto escuramente medonho, queria ir até a casa do Cara para conversar. Lá, ensopado, o porteiro olhou-me e até cogitou a idéia de que eu fosse algum tipo de marginal ou pedinte, mas logo percebeu o Mister Thinker por debaixo daquela figura “depreciavelmente” molhada e atordoada, assim, urgentemente ele contatou o Cara e abriu a porta principal do prédio, fazendo-me subir rápido.

Nunca havia visto o Cara com aquele olhar de “Meu Deus, ele fugiu do sanatório”. Confesso ter chorado impiedosamente todas as mágoas com ele que, como bom ouvinte, escutou “tintim-por-tintim” todas as minhas churumelas e baboseiras adjacentes à sua vida, para depois falar. O bom de conversar com o Cara é que ele sempre me fornece conselhos que mais ecoam no meu destino, que outros! - Sem ofensas! - E ontem eu precisava ouvi-lo, pois, estava chegando ao meu extremo lado deprimido. Será a crise do dia quinze perdurante? Ou sobrecarga de informações hediondas e ciência de eu ser um porta voz de más notícias alheias? Vai saber...

Ficamos exaustivamente verborragiando por duas integras horas, eu mais emorrágico* que verborrágico, até ele me trazer em casa. O Cara me disse tanta coisa que não havia notado, disse que a vida é curta para pensarmos em determinados detalhes, embora sejam importantes, mas não essenciais! Falou que o presente se torna mais importante que o futuro pensado antecipadamente, que levar o mundo nas costas vai me causar uma hérnia de disco, que o problema dos outros abraçados por mim, ainda me causará um câncer, que quanto mais eu cobrar dos outros, mais cobrança virá para mim, que a minha felicidade não deve ser jogado nas mãos de ninguém e que embora estejamos à iminência de um inverno pavorosamente medonho, logo o Sol apareceria...


*Obs.: Emorrágico: excesso de atitudes emo, emotivas.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

14 Dias

Fazem exatamente 17 dias que não posto nada, confesso ter sido pelo excesso de informações adquiridas nas últimas duas semanas que me deixaram absortamente confuso e desorientado. Presumo que elas ainda não foram muito bem processadas, - Ainda - mas pelo menos agora as recebo em menor quantidade.

Há 14 dias conheci pessoalmente o Fotógrafo, que um dia havia cativado pela internet. Quando nós conversávamos através de mensagens instantâneas, jurava piamente que nunca haveria nada entre nós, até que o encontrei pessoalmente e conversamos. “Batata”! Nos beijamos dentro do cinema desenfreadamente, mas sem leviandade.

Neste dia, “soltei o freio do carro, deixei a marcha em “ponto morto” e assim o carro caminhou em “suspensão””, sendo dirigido para algum lugar qualquer que naquele momento não gostaria de saber, nem disto ou se sua vida era complicada, se seus pais o aceitavam como eram, se um dia iria embora para sua casa, se a distância nos atrapalharia...

Não demorou para eu perceber meu sentimento por ele e os potenciais ferimentos que eu supostamente carregaria comigo após sua ida para casa. Fiquei profundamente chateado, senti um vazio, um frio, uma angustia arrogante. Respirei fundo... Respirei de novo... e resolvi conversar com alguém, dar uma volta na Lagoa da Pampulha em pleno escaldante Sol das duas da tarde e pensar um pouco. Depois de refletir o suficiente - Que nem sempre é muito demorado - decidi esquecer um pouco o futuro e deixar as coisas caminharem por si só, mas com uma ligeira cautela, já que a pouco ele iria embora e eu ainda continuaria aqui. Assim, resolvi aproveitar sua estadia em Belo Horizonte, o encontrei todos os dias, vimos o pôr-do-sol, conversamos, rimos, nos abraçamos, dormimos juntos, senti seu coração acelerar por diversas vezes ao colocar minha mão sobre seu peito, o vi respirar, dormir, senti seu gosto, seu cheiro, sua pele, seu sorriso de menino.

No seu último dia aqui, fomos para casa da Afrodite aproveitar o Sol escaldantemente prazeroso. À medida que o dia passava tentava aproveitar ainda mais sua companhia, tentava gravar cada gesto seu e o momento que se passava, já que eu não sabia o que aconteceria daqui a algumas horas. Então, passamos um dia, uma tarde muito bonita, seja com as palhaçadas das meninas (Afrodite e Lesada) ou minhas idiossincrasias estupefatas.

À medida que o Sol se punha, meu peito apertava, eu sentia que um desespero tomava conta de mim - Mais um dia ia embora, mais uma pessoa passava e saia fora - Não havia como postergar sua despedida, já que era um rapaz de compromissos. Assim, eu estava a mercê de sua volta para casa!

Entramos na piscina e curtimos o Pôr-Do-Sol, que por ventura estava magnificamente estonteante, e ouvimos desastrosamente felizes Adriana Calcanhoto (Naquela Estação, Marina, Vambora).

O beijei enquanto podia, o toquei enquanto agüentava, o observei enquanto havia luz, enquanto o Sol ainda brilhava.


*Observação: A foto "Suprapostada" é de minha autoria feita na casa da Afrodite.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Cinco Caminhos


Essa noite passada, após voltarmos de um bar, Eu, Afrodite e Lesada, fomos para sua casa e ficamos ali na sala bebendo e “conversando” por um tempo, o som estava sintonizado na Rádio Guarani que até então eu desconhecia. Realmente para um domingo de madrugada a rádio era relativamente boa e emotivamente facínora, pois ela leva a qualquer suicida em potencial exercer tal papel fervorosamente. Eu que sou eu, Mister Thinker, confesso que me deprimi parcialmente. Não sei se é pelo fato de estar “sozinho” e os sentimentos todos virem à tona e se misturarem, resultando em uma grande e grotesca bagunça perniciosa, ou se é algo proposital da rádio a fim de induzir a uma “pandeprimência” dos seus ouvintes nostálgicos.

Por volta de uma, duas horas da manhã fomos dormir, todos no mesmo quarto, já que eu estava com “receio” - Medo - de ver ou escutar, novamente, alguma coisa. Fora o fato de eu ter visto um filme absurdamente tenebroso outro dia destes. As meninas adormeceram rapidamente, eu não conseguia “pregar os olhos”, aquelas músicas que ainda tocavam no som me faziam lembrar a época em que eu namorava o Marcelino TrocaTapa, não exatamente o nosso relacionamento em si, mas os sentimentos que vivi na época, as minhas condutas.

Eu era tão inocente, ingênuo, não tinha malícias como hoje. Era amoroso, incondicionalmente apaixonado, mais ciumento que a Deusa Hera com Zeus. Lembro da vez que o Marcelino estava pronto para sair de casa - ele, já legalmente emancipado e eu, “de menor”, “proibido” de entrar em qualquer danceteria. Quando ele me ligou avisando da saída, aprontei o maior escândalo e o informei de que não sairia, assim, ficamos no telefone até as cinco horas da manhã para eu certificar-me de que ele não sairia escondido. Hoje rio muito quando lembro...

Percebi que estes sentimentos mudaram - amadureceram - no momento em que terminamos. Vi-me jogado na rua à meia noite, nu, esfolado, em carne viva, sangrante, desvalorizado, amargurado, sem nada e ninguém, nem ao menos um afago de consolo, sem condolências. Neste dia, vi cinco caminhos em a minha frente que poderia seguir: eu virar um adolescente revoltado, me tornando delinqüente por uma causa - justa ou não era uma e minha causa; me atirar na frente do primeiro carro que passasse - e se sorte, morreria de primeira - já que naquele momento julguei-me incapaz de viver sem ele; me humilhar e insistir até que ele voltasse para mim - forçadamente ou não; amadurecer forçadamente e esqueceria ele de uma vez por todas; ou juntar isto tudo e me tornar uma pessoa descompensadamente insana perdurante pela vida.

Bom, inicialmente optei pela humilhação, mas depois de dois dias de intenso pensamento sobre o motivo do termino do nosso relacionamento, resolvi seguir o penúltimo caminho, pelo menos até o meio dele, pois, amadureci forçadamente, até me tornar a pessoa que sou hoje, mas infelizmente ainda não consegui esquecê-lo completamente...