sábado, 10 de novembro de 2012

Em Meio ao Caos


 
Após a reviravolta em minha vida, a trabalho, fui para São Paulo, novamente. Provo que foi um dos melhores momentos reflexivos, proveitosos e, definitivamente, revigorante, embora noites mal dormidas devido a gritos estrondosos de fãs de uma banda de garotos americanos que estava hospedada no Hotel. Em meio a gritos alheios, olhares deliciosos e caprichos fogosos, apenas de terceiros, instituí as minhas regras/mandamentos para nortear minha mansa e solitária vida. Foram os “14 Interesses de Mister Thinker”, que aqui, neste post, ainda não os citarei, esperarei algum momento mais propício para isto, agora, pretendo discernir sobre algo diferenciado, sair sozinho.
Em meio a muitos carros e pessoas bonitas, resolvi sair em Sampa para ver o movimento e minha performance. Nunca havia feito isto antes desta forma, mas acho que serve de experiência para mim mesmo em outros momentos em que o meio não esteja propício a amizades.
Ansioso, sem saber o que fazer, entrei na internet e encontrei um lugar ali perto mesmo do Hotel e pesquisei sua procedência, se haviam meios versáteis de transporte e se o local era perigoso ou não. Com resultado positivo, sai, comprei roupas novas, voltei e me arrumei ligeiramente. Pronto! Arrumado, peguei um taxi e fui para um bar ao lado do local em que mais tarde entraria, era algo chamado de “aquecimento”.
Confesso ter observado muita gente bonita, definitivamente a noitada Paulista é de encher os olhos, mas, me concentrando no meu papel de solitário, logo desci do taxi e fui em meio àquele lugar, tentando me adequar e ter a certeza de que não seria rejeitado. A primeiro momento, vestido como um “lenhador” de calças caras, diga-se de passagem, fui bastante elogiado, e sem parar continuei a me inserir no local e a beira do balcão solicitei uma cerveja, pois, o primeiro passo da integração solitária a um lugar abarrotado de pessoas é o líquido universal da socialização, a cerveja. Após alguns goles e me sustentando plenamente na cerveja, me senti a vontade para “bicar” e interagir com o meio. Em meio àquela multidão, haviam pessoas que se interessaram por mim, me olhavam descaradamente de forma a me deixar ruborizado e sem armas para me conter, já que a melhor defesa são os amigos, uma vez que se está com eles, simplesmente entramos em um assunto qualquer de interesse de ambos e deixamos o resto do ambiente anulados. Mas não, não tinha nada além da bebida e um telefone à mercê do abandono por eu deixar de dar a devida carga na bateria. Assim, recorri a Afrodite em Belo Horizonte, mas não durou muito, a bateria se perdeu em meio ao nosso assunto e logo engoli o restante da bebida e corri ao balcão.
- Que chato, sem amigos, sem um ser humano para verborragiar, até então.
Ao entrar novamente ao bar observei que um rapaz persistira em olhar-me, particularmente, ao visualizá-lo, mantive o rosto amistoso para conversas amigas, mas logo vi em seus olhos que estava interessado em algo muito além do permitido por mim naquele momento. Continuei a beber e percebi a perseguição insistente, o solitário rapaz me lembrara o irmão magnífico do Marcelino Troca Tapas. Ele também estava lá, só, encostado em sua bebida e pregado em seu celular, precavido a qualquer situação constrangedora. Seria esta uma arma aliada para nós?
Engraçado, a cada perda de olhares, mudanças de locais, ficávamos com os olhares desesperados a procura um do outro, momento em que eu ria de ingenuidade... – ai ai ai... – Não demorou muito para eu ir ao banheiro e logo retornar acompanhado por um senhor magnífico, de olhos claros e um excelente assunto que me prendia a cada palavra – ...quanto digo acompanhado, quero dizer em comum conversa, apenas. Após diversos assuntos hipnotizantes e, definitivamente admiráveis, lembrei que deixara de lado o rapaz que por ali nem mais pairava, já que nada mais o prendia no bar – Será que fui pretensioso agora?. Assim, resolvi entrar para a danceteria e, quem sabe, o encontrar.
O lugar, definitivamente, era interessante, pessoas bonitas, muitos caras sozinhos iguais a mim, alguns, desesperados, se jogavam aos meus sapatos, até então engraxados e negros brilhantes. Confesso não ter encontrado mais o papo interessante que havia deixado la fora com o senhor ou o cara que me fazia rir com seus olhares desesperados a minha procura, quando perdia-me na multidão do bar la fora. Encontrei foram homens que queriam me mostrar riquezas, pois, algo melhor que isso não tinham para me oferecer. Um deles, o Super Homem de capa vermelha, me estendeu o tapete e disse palavras maravilhosas que qualquer ser gostaria de ouvir, mas ao perceber que não acreditara em nada, apelou para seu poder aquisitivo, casa em Miami, apartamento em Sampa, cargo judicial, família poderosa e afins... Comecei a rir ao perceber na desgraça em que o Super Homem caíra em meus pensamentos e simplesmente o abandonei em seu voo errôneo sobre mim e sua exorbitante anedota mundana que serviria para milhões de garotos de programa e interessados em muita grana.
Na expectativa de ainda ver o rapaz, paguei a conta e fui para o lado de fora do local, mas nada de ninguém, apenas uns “gatos pingados” que se mantinham insanos devido ao álcool. Fui para o Hotel e imergi na banheira, queria tirar aquele cheiro do corpo, aquele sentimento do rosto e o desgosto do gosto seco do encosto.


3 comentários:

Blue man disse...

Segue Mr. Thinker em sua redoma cheia de futricas e badulaques, em um mundo que só ele existe, atrás de algo? Felicidade? Homens? Status? Será que ele sabe? Quando essa redoma se quebrará? Um amor? Talvez, será que Mr. Thinker já amou? Ou brincou de ser dono do outro? Decepções? rancores? Quem é esse Mr. Pensador? Me parece alguém que quer ser feliz e que tem tudo para isso, mas simplesmente ignora a simplicidade das coisas e das pessoas. Não tente passar por cima do que aconteceu, são fatos que fazem parte da vida do ser humano, bons, ruins? São nossa historia, supere-os! Sinta e siga.

Anônimo disse...

^ Nuuuuuss! Como dizem, é simples ser feliz, difícil é ser tão simples.
Espero que todas essas postagens sejam somente alegorias e que, na vida real, esse maniqueísmo não esteja tão presente. Não consigo imaginar alguém com mais de 20 anos tendo uma visão tão unilateral e egocêntrica sobre relacionamento amoroso.
Boa sorte. Felicidades. :)

Anônimo disse...

Receio ter me atrasado... Mas... como tinha dito antes; temos as "sementes de recomeço". E quanto a Sampa, por vários motivos quanto mais conheço mais me desagrada. Mas sei que lhe agrada a penúltima lembrança!
Um grande abraço, muito juízo, vê se arruma um tempo para akbar com seu figado e lembre-se "(...)da uma risadinha". ;oD
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