quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Três Lágrimas


 
Cheguei em minha casa hoje logo após o crepúsculo, que se escondera atrás das malditas numbustratus que pairavam pelos ares azuis não visíveis, e usurparam um possível momento bom em minha vida. Ao abrir a porta logo me assustei, percebera que a casa não estava e não era a mesma. Olhei ao redor e o que vi foram paredes vazias, sem qualquer objeto presente, exceto o sofá. O que mais me restara? O que mais iria acontecer de ruim que acabaria com meu dia.
- Creio que mais nada, Mister Thinker.
Este ano já perdi meu melhor amigo da pior forma possível, minha segunda mãe e alguns amigos que simplesmente me trocaram por algo sólido como o dinheiro, algo de valor. E agora?
Sentei-me no sofá e por ali fiquei a pensar em cada cm² da casa, os momentos que vivi com o Husky Siberiano, bons e ruins. Fechei firmemente meus olhos e lembrei do momento em que fomos ao sítio de um dos seus amigos e no momento em que fomos dormir ele me olhara com o “ar” mais feliz do mundo pela minha presença, não acreditara que eu estava ali com ele, apenas para ele o tempo todo, embora a plena confusão estivesse armada fora do quarto para “arapucar” minha dignidade. Parecia uma criança inocente gozando dos melhores e maiores sentimentos do mundo. Apertei firmemente meus olhos de tanta dor que sentira e logo me veio aquela cena de humilhação que ele me expos, mostrando suas garras gigantescas de lobo quarado, me exumando do inferno e expondo atitudes e gestos que jamais esperara.
Exatas três lagrimas caíram dos meus olhos. Três lágrimas de indignação, frustração e mágoas, por tê-lo conhecido e desconhecido ao irmos morar juntos. Soltei um leve gemido sufocante, parecia que perdera o fôlego. Meu Deus! O que acontecera conosco?! Éramos tão felizes, amáveis e carinhosos um com o outro... Não merecíamos passar por isso!
Levantei e fui para o quarto ver o resto do estrago, rombo feito em meu peito que fizera meu coração palpitar a cada batida. Seria eu capaz de superar mais uma vez? Não mais uma vez qualquer, mas a vez, pois nunca havia vivido desta maneira, tão próximo.
Observara que ele havia levado todas as suas coisas, todas as suas merdas de coisas que não valiam metade do nosso amor. O que mais estaria por vir? Sem qualquer lágrima perambulando pelos meus olhares ou a mercê, fui até o outro quarto e depois à cozinha. Simplesmente nada. Apenas o que me restara eram alguns talheres e dois vinhos, sendo um na cozinha e um em minha bolsa. Parecia que eu estava prevendo algo, e para apagar qualquer mágoa do coração, comprara um bom vinho branco Espanhol de mesa.
Abri a primeira garrafa e a extirpei da terra com um simples gole. Mais parecia um calmante que o ríspido álcool elaborado de acordo com o protocolo de produção. Sentei-me no chão e mais uma vez lembrei-me de tudo que acontecera até hoje. Minha vontade era a de simplesmente não existir, não sentir, viver, tocar, escolher, nada, apenas, nada.
Como tudo isto machuca! Como eu não consigo esquecer o que o Cara já me dissera?! Como eu deixei de viver com o Cara e viver esta vidinha medíocre que simplesmente não vale a felicidade que tínhamos juntos? Quando este remorso será sanado, curado, dissipado da minha vida? Porque eu fiz esta escolha errada? Porque não ter ficado com ele?! Assim, derramei-me de lágrimas “arrependinosas” e entristecidas.
Neste momento, em algum outro lugar em que estamos juntos, estamos sentados no chão de sua sala, em frente a televisão, rindo de alguma traquinagem que somente o Cara sabia fazer,  esboçando no rosto nossa felicidade de estarmos juntos, não mais invejada por mim, pois seria eu o atuante na cena mais perfeita de todas, junto da pessoa que hoje sim, eu sei que nunca mais terei em vida, mas que mais amei com um sentimento puro, sem  as leviandades mundanas. Não teria mais dor, apenas felicidades e prazeres incomensuráveis. A tristeza seria uma vaga lembrança de momentos estranhos que já tivemos com terceiros, nunca saberia o que vivo hoje, o Cara não teria morrido, ou se isto tivesse acontecido, pelo menos eu tenho a certeza de que estaríamos juntos neste momento que para mim não faria a menor diferença, já que estaria satisfeito com a vida.
 

Um comentário:

Anônimo disse...

Leia a letra dessas duas músicas, quando der:

http://www.youtube.com/watch?v=ahsFa6AYRaQ

http://letras.mus.br/alicia-keys/101/

Melhoras. :)