domingo, 29 de novembro de 2009

A Garota da Calcinha Rosa



Quem diria.... Estes dias estava passando pela rua com uma conhecida minha e coincidentemente surge do meio da multidão a Garota da Calcinha Rosa que um dia, quando tinha apenas 6 anos de idade, a conheci. A grande coincidência foi o local em que a “encontrei”, em frente a Escola em que eu estudara na época.

Tinha apenas seis anos, e vivia bem naquela última das três fases, relatadas por Freud, do desenvolvimento “psicosexual” infantil, o qual ecoará o resto de nossas vidas: a fase fálica ... Estudava em uma Escola bastante tradicional em Belo Horizonte e lembro-me de ter passado bons momentos naquele lugar... Gostava muito de brincar de super herói e separar brigas (ainda bem que esse costume acabou, imagina nos tempos de hoje? Acho que teria levado um tiro na cara e morrido precocemente), vivia correndo por aquele pátio que jurava ser do tamanho do mundo. Uma vez apresentei um teatro onde eu era o elefantinho (com direito a tromba e tudo), e a festa junina?! Nossa! Me divertia muito...

Bom, serei mais objetivo com o relato, senão este post será maior que minha paciente, ultimamente.

Estudava com uma menina que tinha a mesma idade que a minha, era muito bonita, morena clara, cabelos anelados, lábios carnudos, na ocasião, sem muitos contornos femininos já que era criança como eu. “Namorei-a” por pouco tempo (todos conhecem o significado de “namorar” quando se é criança, certo?). Um dia qualquer, combinamos de irmos ao banheiro juntos, ela iria pedir a professora (naquela época esta era a forma correta) e eu sairia escondido e nos encontraríamos lá.

O banheiro feminino era junto com o masculino, um em frente ao outro, digo, as portas, tinha lajotas brancas por todos os lados e torneiras escandalosamente gotejantes. Dito e feito, nos trancamos dentro de um dos boxes e por um impulso de curiosidade, ingenuidade e vontade, prometemos mostrar um ao outro nossos órgãos genitais. Primeiramente foi ela que abaixou sua pequena saia cor xadrez vermelho e branco, que por baixo estampava uma calcinha rosa, inocentemente com estampa de florzinhas. Minha reação foi a mais estática possível, até que ela solicitou que eu colocasse a mão. No momento exato em que ia tocá-la, sem excitação, apenas por curiosidade, assustei com alguém batendo na porta – Quem poderia ser? – pensei. Minha curiosidade foi sanada a partir do momento em que fomos convidados a evacuar o banheiro por aquela voz feminina, a da Professora. Rapidamente a Garota da Calcinha Rosa olhou-me com desespero, pois sabia que estávamos fazendo algo errado, levantou sua saia e abriu a porta. Recordo da cara da Professora, chocada, absortamente surpresa e desapontada, nos achando os mais pervertidos do pré-primário, chamando nossa atenção e comunicando aos nossos pais sobre o fato ocorrido.

A Menina da Calcinha Rosa saiu da Escola logo a seguir, eu esqueci o fato rapidamente e meus pais demonstraram-me pela primeira vez, de várias outras futuras, o maior defeito deles, simplesmente ignoraram o fato devido ao constrangimento que o assunto os causaria ao tentarem conversar comigo.

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