sábado, 17 de abril de 2010

Baderneiros Festivos*


De repente você se depara com um eloqüente sentimento por uma pessoa que não vale a pena. Fria, que está ali, durante a vida, apenas para desviar o caminho dos outros, que se mantém apenas para estar, não para ser ou viver. Que arrasa o caminho alheio e prazerosamente destrói qualquer mínimo resquício de esperança existente em alguém.

Gente inconseqüente, interpretadora do “viver” como um jogo hediondo onde potencialmente o vencedor deve ser sempre ele, seja de uma forma boa ou ruim. Que não sabe o que quer da vida, baderneiro festivo, que não tem senso, que ri nos momentos de desgraça e ao mesmo tempo chora por não ter um pingo de congruência perante sua existência, que não tem respeito pelo outro, que não tem valor moral a ponto de se calar diante de argumentos plausivelmente invasivos, incisivos.

Pessoas que se insinuam, expressando um conteúdo admiravelmente vazio, um vácuo disperso excitantemente tentador, sexual, sedento por um toque ingênuo para alcalinizar suas energias e envenenar a contraparte. Para que no momento final, a existência daquele ser não valha de nada, apenas mais um, cuja batalha foi perdida e o vencedor da armadura de ferro foi ele. Mais um ensangüentado no chão podre da porta de um chiqueiro, cujo morador principal é o vencedor.

O culpado “íntegro” da batalha foi o jogador, que aceitou a batalha, que lutou achando que um dia poderia mudar o futuro, que acreditou nas palavras insanas, forjadas e lesivas de alguém. Que só percebeu a ingênua idiotice que fez, no momento em que a faca estava cravada no seu coração.


Obs.: *Texto escrito há um ano atrás, após assistir àquele filme "Naissance des Pieuvres" (Lírios D'água). O filme é fabulosamente dolorido.

2 comentários:

descolonizado disse...

lindo!

Anônimo disse...

Gente q viceral!!!! arrazou!!!! se me permite quando precisar de um fonte para acabar com a alma de alguem, usarei este texto... @-;--
Ps: lezada