domingo, 18 de julho de 2010

A Segunda e Fantasmagórica Ab-Reação


Antes de narrar mais uma ab-reação fantasticamente mesquinha, gostaria de fazer uma ligeira pergunta: Quando um pequeno grupo de gays acha um lugar reservado, o que vocês acham que eles fazem com o ambiente? Resposta: eles fazem do lugar uma danceteria ou um lugar para sexo casual. Coisa que aconteceu com o banheiro de uma destas redes de lanchonetes “fast food” - Literalmente! - aqui em Belo Horizonte. Estava eu fazendo um lanche “familiar” sozinho e ai, após o termino do mesmo, resolvi usar o banheiro, ao abrir a porta percebi que três caras masturbavam uns aos outros. Quando perceberam minha presença, dois se intimidaram e foram para um dos boxes com privada e o outro, sozinho, começou a me encarar. Constrangido ao extremo e vergonhosamente com as bochechas ruborizadas, sai “apertado” daquele lugar à procura de um recinto sutil e descente a fim de desprezar a diurese com êxito.

- Porque a maioria dos gays fazem isso?

Sexta feira à noite recebi uma ligação que me deixou realmente absorto, não esperava tanta franqueza e tragédia proveniente de uma única pessoa conhecida. Foi por volta das 19 hs, eu estava a mercê de sair de casa destino à academia, quando Marcelino TrocaTapa me ligou para conversar coisas casuais e para saber algumas novidades a mais que não havíamos compartilhado na última e infeliz ligação. Conversamos sobre o tempo, alguns antigos amigos desaparecidos, sobre sua família e outros assuntos banais, porém, percebi que sua voz estava muito triste e ele parecia dopado. Curioso, resolvi perguntar o que havia acontecido. Foi como uma bomba estourando ao lado do meu ouvido esquerdo, fiquei muito triste com tudo que ele disse.

Confessou-me que há um tempo virara sócio de uma mulher que havia conhecido a pouco e a mesma havia extraviado dinheiro, dado diversos golpes na “praça” e desaparecido com tudo, como ele era o sócio dela, as pessoas começaram a cobrar dele o rombo dado pela “dita cuja”. Disse que no dia em que ele havia ido para Brasília a trabalho, chegando ao hotel onde havia feito reserva, era aguardado por diversos policiais que deram voz de prisão ao mesmo, porém, ao invés de levarem-no para a cadeia, parece que fizeram algumas coisas que aqui não relatarei e depois sim o enjaularam semi nu durante cinco dias na prisão acompanhado por diversos detentos, sem direito a comunicar com seus pais ou qualquer outra pessoa. Chorou muito durante os dias lá e quando completou o quinto eles resolveram deixá-lo ligar para casa. Seu tio, que é um dos “chefões” de determinada entidade pública, conseguiu uma forma de solta-lo mais rápido, porém não ficou imune ao tal do habeas corpus, então, pagando uma fortuna para advogados e afins. Parece que ele perdeu quase tudo que tinha, dinheiro, emprego, dignidade e sanidade mental, pois, iniciara um tratamento medicamentoso (Midazolan, Amitriptilina e Diazepan) devido ao desenvolvimento da tal síndrome do pânico.

Ele ficou bem chateado ao contar estas coisas para mim, e para piorar ele disse que merecia tudo aquilo, pois confiava demais nos outros e era muito bonzinho, sempre ajudando. Entrou também no assunto sobre nosso termino, disse que no relacionamento seguinte ao meu, com o sapateiro, sofreu muito, já que ele fez o mesmo que o Marcelino havia feito comigo, o trocou por um par de pernas semi-perfeito graças à insistência de seus “amigos”, digo os “amigos” do Marcelino, os mesmo que insistiram para ele me trair com o Sapateiro. No relacionamento seguinte a este foi muito conturbado também, o cara era estrangeiro e adorava badernas, disse que ele colocava fogo no carro, quebrava porta de danceterias, aprontava o “diabo a quatro” na rua com o Marcelino. E por fim, seu namorado atual, cujo nome é o mesmo do Fotógrafo - Mera coincidência mundanamente sacana -, recentemente o abandonara, indo morar em outro país. “Eu sei que mereço tudo isso, acho que paguei e pago por cada leviandade que fiz com você, Mister Thinker”, disse ele.

Mais uma ab-reação fantasmagórica que me arrepiou dos pés à cabeça. Confesso ter ficado muito triste com tudo que me contou, imaginei ele chorando na prisão, a humilhação passada, os traumas que adquiriu naquele momento e o desespero que ele deve ter sofrido. Quem sou eu para julgar o que ele merecia ou não pelo que fez comigo...

Assim que desliguei o telefone, sentei na cama horripilado e pedi perdão a Deus por tudo que um dia havia desejado ao Marcelino TrocaTapa.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bem... como tb compartilho do teu "embasbacamento" perante história tao intensa, so me permitirei uma unica fraze: Nada como um dia após o outro...
ass: Lezada.com