segunda-feira, 2 de março de 2009

Amor Contemporâneo


Essa semana me deparei com uma situação bastante estranha entre um casal na rua. A mulher vestia uma roupa discreta, era bonita, loira, olhos claros, pele branca mais clara que porcelana, delicada e com um tímido sorriso, em tempo levava um desagradável copo descartável de talvez 100 mL de conteúdo desconhecido e estava acompanhado por um rapaz que conversava com ela animadoramente. Cruzei com eles, literalmente, pelo caminho e escutei ele dizendo “Champa esse trem no peito ai Muié!”. “Gente! Mas o que esse cara falou?” Olhei para trás e os vi parado no meio fio e ela com um tímido sorriso e encarando o copo. “Champa esse trem nos peito, Sô!”, repetiu ele. Realmente não estava entendendo o que ele queria com esse verbo “champar”, mas fiquei curioso e parei na banca de jornal que estava bem ao lado deles. Enquanto eu via as revistas, de “rabo de olho” reparava na cena que me deixava encabulado (como dizem “um olho no peixe e o outro no gato”). Vi as revistas que estampavam a foto de Hitler, porque é o assunto que estava na moda graças a aquele filme “OperaçãoValkíria” “Champa logo esse trem nos peito e vamo!”, perdi a paciência e bati o pé no chão, como forma de descarregar a minha ansiedade em saber o que significava aquilo (eles perceberam) “Champar o que? O que é esse tal de champar?”, olhei para a loira toda delicada com aquele cara, possivelmente namorado, que a tratava como o amigo gordo rejeitado e que sofrera bowling freneticamente por todos ao seu redor na época de escola. “Tadinha!” pensei...

Enquanto ia embora pensei muito, achava que o amor contemporâneo talvez fosse um pouco mais cortês, sei lá, talvez um pouco mais humanizado, mas vejo o contrário, parece que as pessoas tendem a tratar umas às outras com quaisquer, sem diferença alguma.

Enfim, no final das contas descobri o que ele queria dizer com o tal do “Champa no peito” tradução: “Querida, pode beber este precioso líquido, é muito bom! Confie em mim, coragem! Beba”. De alguma forma ela também entendeu o que ele disse, talvez, por estar condicionada a lidar com esse tipo de cara, ela simplesmente já entendia a linguagem de outros episódios anteriores, e acabou “champando tudo no peito” por insistência.



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