sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Desconhecidamente Familiar²



...estava dentro de uma loja de departamentos (????).

Estupefato, eu fiquei ainda mais confuso, muitas pessoas e informações me acarretaram em um pseudo-desespero. Corri para fora da loja e andei em direção a qualquer lugar até que um policial negro que estava parado ao lado de sua viatura me gritou. Eu voltei e escutei o que ele queria dizer – Rapaz, onde pensa que vai com esse saco de salgadinhos chulezentos na mão? – Olhei para minha mão e percebi o que portara. Lembro de ter discutido com ele, de alguma forma conseguir contornar o problema e frisar que eu estava certo. Ele, com a consciência pesada falou que me daria uma carona, chamou seu parceiro e entramos os três no carro, o policial negro na frente, eu e o outro policial atrás – Será que eu estou preso? – pensei.

Olhei para o policial ao meu lado e definitivamente o reconheci quando retirou os óculos e sorriu - Era o homem do barco - Percebi que o carro ultrapassava a velocidade permitida em uma avenida ligeiramente conhecida, avançara dois semáforos e quase atropelara duas pessoas. Por fim, descobri que estavam realmente me levando para casa, embora não houvesse citado onde morava.

Ao parar na porta de uma casa, tive a sensação de que havia chegado em casa, mas ao olhar pela janela não era a verdadeira. Desci do carro, sabia que portava a chave daquele lugar, qual delas abriria a porta e onde entrara, talvez já não me assustara tanto as surpresas. O “policial conhecido” entrou comigo, enquanto o policial negro esperava no carro, atravessou a sala olhando para mim, foi à cozinha, abriu a geladeira, retirou o litro de água e, sem minha permissão e com uma intimidade audaciosa, levou o litro a seus lábios e bebeu. Fui até o meu quarto, sentei na cama sentindo algo vazio dentro de mim, olhei entre as persianas da janela, percebi que não passava das seis horas da tarde e me direcionei à porta, lá estava aquele homem escorado, olhando para mim como se me conhecesse há muito tempo, como se soubesse de tudo que se passara. Cheguei perto dele e tentei entender o que estava acontecendo naquele dia desconexo, o que eu estava fazendo ali, mas desisti ao perceber que cairia em uma confusão que a pouco seria irrevogável. Percebendo tudo, ele ofertou-me um “sorriso de lado”, levou sua mão no meu cabelo, me olhou com grande desvelo e foi embora.

Ao ouvi o ranger da porta se fechando, deitei na cama a fim de descansar de tudo, por um lado dormi e não sei se morri, por outro, acordei uma hora da tarde.

Nenhum comentário: